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2006-03-28
Capitaneadas pelo Instituto Socioambiental (ISA), várias organizações não–governamentais brasileiras realizaram ontem durante a COP8 (8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas), no Expo Trade Center, uma manifestação que dará largada ao chamado CopTrix. Fazendo referência direta ao filme onde a realidade é bem diferente do que se vê, o evento pretende dar novas cores a debates sobre temas centrais do encontro global, como repartição de benefícios oriundos do uso da diversidade biológica e uso sustentável dos recursos naturais.

O biólogo e assessor de Políticas Públicas da organização ambientalista Instituto Sócioambietal (ISA) paulista, Henry Novion, acredita que mesmo há poucos dias do encerramento da COP8 ainda seja possível chamar a atenção das delegações para a urgência de decisões que promovam uma “real” proteção da biodiversidade. Os debates começam hoje (28) nas tendas do Fórum Global da Sociedade Civil, na parte externa do Expo Trade Center, onde ocorre o evento oficial. Confira a programação da CopTrix em www.socioambiental.org/coptrix/index_html_pt

Por que a CopTrix?

Henry Novion – Existe um “outro mundo” por trás das negociações da COP8, onde as negociações são comandadas pelos impactos nas economias, sobre como os PIBs serão afetados, e não pelo cumprimento da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). Nosso objetivo é fazer com que a COP8 resgate os debates sobre os objetivos iniciais da CDB, que são a preservação da Biodiversidade, o uso sustentável dos recursos naturais e a repartição de benefícios. Acreditamos que um evento como a COP8 possa realmente trabalhar para cumprir esses objetivos. Queremos chamar a atenção dos delegados de todos os países e incentivá-los a negociar com mais empenho os vários documentos que estão sendo debatidos na conferência. A expectativa é de que em breve seja definido, por exemplo, se os debates sobre repartição de benefícios ocorrerão sobre o documento proposto na reunião de Granada (Espanha, início do ano).

Um regime sobre repartição de benefícios enfrenta que resistências?

H.N. - Um regime internacional que promova a repartição justa dos benefícios oriundos do uso da diversidade biológica e dos conhecimentos tradicionais preocupara aqueles indústrias e países que privatizam os lucros com o uso a biodiversidade e dos saberes de muitos povos. Esses não pretendem dividir isso com os países megadiversos, que são os provedores desses recursos. Por isso queremos que a COP8 elabore um instrumento que obrigue os países signatários da CDB a seguirem critérios como declarar a origem dos recursos genéticos que usam, a comprovar o consentimento do uso desses recursos pelas comunidades e a repartição de benefícios.
Por Aldem Bourscheit, Assessoria de Imprensa COP8/MOP3

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