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2006-03-28
"Viver na Mata Atlântica é um privilégio e uma responsabilidade”. Assim resume Miriam Prochnow, educadora, ambientalista e organizadora – juntamente com a jornalista Maura Campanili – do mais novo livro sobre a Mata Atlântica, que será lançado nesta terça-feira (28), às 12h30min, na 8ª Conferência das Partes sobre a Convenção da Biodiversidade (COP8), em Pinhais (PR). O livro Mata Atlântica – uma rede pela floresta convida o leitor a conhecer a realidade de cada um dos ecossistemas da Mata Atlântica pela visão das pessoas que vivem nela.

O livro chega no momento em que a Câmara dos Deputados poderá aprovar a lei da Mata Atlântica. “Depois de 14 anos, sairá uma lei que reflete a sociedade brasileira”, afirma Prochnow, que também coordena a Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA), que congrega 300 entidades e é a responsável pela publicação.

“O livro dá oportunidade para os moradores do bioma – a maior parte da população brasileira: 120 milhões de pessoas – se aproximarem da Mata Atlântica. Ela deixa de ser uma entidade etérea para estar próxima da realidade de cada um”, explica a jornalista Maura Campanili, uma das coordenadoras da publicação.

O livro mostra a diversidade do bioma, não só da fauna e da flora, mas também a variedade e pluralidade das suas populações, cidades, idéias e opiniões. Os estados inseridos no bioma são retratados na publicação desde a riqueza da biodiversidade até seu processo de destruição, passando pela história e pela necessidade de preservá-la.

“Ao mesmo tempo, mostra as iniciativas positivas dos vários setores: cientistas, empresas, governos e ONGs, cada vez mais empenhados em contribuir com a proteção e recuperação do bioma”, explica a coordenadora-geral da RMA.

Alguns conceitos importantes sobre áreas protegidas e processos utilizados para promover o uso sustentável dos recursos naturais também são tratados na publicação. O leitor ainda terá acesso ao cadastro das instituições filiadas à Rede de ONGs da Mata Atlântica, que poderá servir de subsídio para possíveis parcerias.

“É necessária uma grande união de forças para preservar os remanescentes de uma das florestas mais ricas do mundo”, afirma Miriam Prochnow. Apesar de restarem apenas 4% do que um dia foi a luxuriante floresta atlântica, o bioma ainda revela novas espécies aos cientistas. “Trata-se de uma enorme riqueza que ainda pode contribuir muito para a humanidade”.

RMA também lança revista sobre a biodiversidade da Mata Atlântica
A revista Rede pela Mata, publicada pela Assessoria de Comunicação da RMA chega ao público da COP8 com temas que focalizam as ameaças que rondam o mais ameaçado dos biomas brasileiros. A situação das Unidades de Conservação presentes no bioma, sobretudo aquelas que abrigam as matas com araucária também estão na edição especial que será lançada em Curitiba. A publicação é bilíngüe e está disponível para download no site www.rma.org.br

Entrevista com Míriam Prochnow, coordenadora da RMA

Ainda é possível salvar uma floresta da qual restariam apenas 7,8% da cobertura original?

Míríam Prochnow - A Mata Atlântica é uma floresta corajosa. Mesmo fragmentada, ela ainda guarda enorme biodiversidade. Ainda há animais sendo descritos. Trata-se da segunda mais rica floresta do mundo (E a mais ameaçada também!). Essa força e essa riqueza precisam ser preservadas a qualquer custo. É uma reserva de vida para a humanidade.

Mesmo abrigando 70% da população brasileira, o bioma ainda é desconhecido para a maioria dos habitantes. Como estabelecer essa relação gente-bioma?

MP - São 120 milhões de pessoas vivendo na Mata Atlântica. Muita gente desconhece a importância daquela matinha atrás de casa. E é isso que a RMA quer ajudar a esclarecer. A informação é fundamental para a tomada de posição em defesa do bioma. É preciso saber como ajudar, onde buscar apoio e a quem denunciar a destruição, ou seja,

informação fundamental para se situar no contexto. Essa é a estratégia da Rede de ONGs da Mata Atlântica defendida no livro. Queremos revelar o bioma para quem vive nele e, assim, obter apoio, adesão para as ações de conservação.

Qual é a maneira mais eficiente para se tentar salvar a Mata Atlântica?

MP - A principal estratégia é o estabelecimento de corredores que possam unir os fragmentos que restam. Hoje, há técnicas que permitem unir fragmentos, trechos fundamentais para as trocas genéticas. A criação de novas Unidades de Conservação na Mata Atlântica é outra meta, definida inclusive no âmbito da CDB (Convenção da Biodiversidade). A meta é de 10% de Mata Atlântica protegidos até 2010. Não temos nem 1%, ainda.

A Lei da Mata Atlântica, que está prestes a ser votada na Câmara em última instância, é uma esperança para quem defende o bioma?

MP - Não será a lei dos nossos sonhos, não mesmo. Mas ela deverá conter normas que dirão como se pode continuar usando a floresta de modo sustentável. Isso pode ajudar as pessoas a conviverem com a floresta sem destruí-la. A lei trará a criação de um fundo para financiar a recuperação e a conservação do bioma, além de estímulos aos produtores rurais. Não será uma lei dos ambientalistas. Depois de 14 anos no Congresso Nacional, sairá uma lei que a sociedade brasileira foi capaz de produzir.
Por Jaime Gesisky, Assessoria de Imprensa COP8/MOP3

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