Pesquisadores suíços desenvolvem biosensor que detecta arsênio na água
2006-03-28
Bebido regularmente em pequenas doses, o arsênio pode causar envenenamento crônico. Esse é um problema grave em países como o Bangladesh e o Vietnã. A substância também é encontrada na água potável da China, Argentina, Hungria, Nova Zelândia, Estados Unidos e até no Brasil (ver link "Contaminação por arsênio no Brasil - Unicamp"). Para combater o mal, pesquisadores do Instituto Federal Suíço de Ciência e Tecnologia Aquática desenvolveram um biosensor capaz de detectar os níveis de contaminação por arsênio na água.
Os biosensores são equipamentos capazes de detectar uma substância combinando componentes biológicos com um componente detector físico-químico. Geralmente eles utilizam organismos que reagem às substâncias tóxicas em níveis muito menores do que os seres humanos e, dessa forma, capazes de alertar sua presença. O biosensor desenvolvido pelos suíços utiliza uma bactéria modificada geneticamente, que se ilumina ao entrar em contato com o arsênio. Dessa forma o aparelho é capaz de mostrar se a água potável está contaminada ou não. Como a "bio-iluminação" é proporcional à concentração de arsênio, quanto mais brilhante o sinal, maior a presença da perigosa substância.
Testes bem-sucedidos
A utilização de biosensores para detectar o nível de arsênio não é uma idéia nova, mas é a primeira vez que ela é utilizada com sucesso em testes de campo. De acordo com os pesquisadores do Instituto Federal Suíço de Ciência e Tecnologia Aquática, a detecção foi possível até em áreas consideradas de difícil análise. As amostras foram retiradas do delta do Mekong e do Rio Vermelho no Vietnã e analisadas pelo biosensor. Da pesquisa participaram especialistas da Universidade de Hanoi e da Universidade de Lausanne. Paralelamente ao desenvolvimento do biosensor, os pesquisadores estão tentando encontrar meios de remover o arsênio da água potável distribuída às populações.
Testes de campo rápidos, confiáveis e baratos têm uma grande demanda, sobretudo pela dificuldade de medir a distribuição do arsênio. Os níveis de arsênio no lençol freático podem variar muito, passando da maior toxicidade até a níveis inofensivos ao ser humano. O arsênio não pode ser visto ou sentido. Essa substância chega aos sistemas de água potável através de depósitos na terra ou utilização na agricultura e indústria.
O primeiro sintoma do envenenamento são cortes ou manchas no rosto, assim como problemas respiratórios ou cardiovasculares. Casos graves podem até resultar em diversas formas de câncer. Ainda não existe um tratamento específico contra o envenenamento. Nos seus estágios iniciais ele pode desaparecer quando a pessoa evita beber água contaminada. Proteínas e algumas vitaminas também podem ajudar o corpo a combater a substância. Porém subnutrição torna o corpo mais suscetível aos efeitos do arsênio, o que faz com que as populações mais pobres sejam as mais atingidas.
(Swissinfo, 28/03/06)
http://www.swissinfo.org/spt/swissinfo.html?siteSect=105&sid=6581132&cKey=1143469329000