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2006-03-28
Por Antonio Joaquim de Oliveira * Apoiá-lo é apostar no desenvolvimento pleno da Nação. O Brasil acabou de assistir, perplexo, à invasão e destruição do viveiro e área de pesquisa da Aracruz no Rio Grande do Sul. Sob a bandeira da luta contra a monocultura do eucalipto (chamada de "deserto verde"), centenas de militantes dos movimentos "sem-terra" puseram no chão anos de pesquisa e depredaram a propriedade de uma empresa de capital nacional que planta eucalipto para abastecimento de seu empreendimento industrial, atendendo e até superando as normas ambientais previstas em nossa legislação.

O radicalismo da ação trouxe, nas suas repercussões, forte carga de desinformação.

As florestas plantadas – fundamentalmente pinus e eucalipto – representam um dos mais importantes setores da agricultura brasileira. A madeira oriunda desses plantios abastece não apenas as indústrias de celulose e papel, mas também é a matéria-prima da indústria de painéis reconstituídos que, por sua vez, alimenta toda a cadeia de móveis e construção civil. Se as florestas plantadas não existissem, esses produtos poderiam consumir madeira de florestas nativas, aumentando sobremaneira a pressão por desmatamento em nossas reservas florestais.

A relevância do setor para o País pode ser medida com um rápido olhar em seus números. Seu faturamento consolidado é de US$ 17 bilhões/ano, exportando US$ 6 bilhões. Como o setor importa apenas cerca de US$ 1 bilhão, ele gera um superávit de US$ 5 bilhões, tornando-se fundamental para as metas econômicas da Nação. O impacto social do setor é igualmente portentoso. Recolhe-se US$ 3,8 bilhões de impostos e emprega-se, direta e indiretamente, 2,5 milhões de pessoas.

Um aspecto quase nunca abordado, mas extremamente interessante, é que esse setor é um dos que mais se aplicam na manutenção das áreas de preservação permanente e reserva legal, mantendo 1,6 milhão de hectares preservados no País.

O uso de florestas plantadas como base para produção industrial é prática no mundo todo. O comércio mundial de produtos florestais movimenta US$ 150 bilhões/ano. O Brasil representa só 3% desse volume. Um país com uma extensão territorial muito menor como a Finlândia movimenta US$ 12 bilhões/ano ou 8% do volume mundial.

Temos muito espaço para crescer, pois o Brasil, no setor de plantios florestais, é referência mundial em custos e produtividade. Aqui nossas florestas de eucaliptos crescem 40 m³/hectare a cada ano. Na Europa esse crescimento é de 5 m³ e nos EUA e Canadá não passa de 10 m³. Isso faz com que nosso custo de madeira seja até três vezes menor do que nesses países, o que advém principalmente das nossas condições de clima amplamente favoráveis ao eucalipto. É uma competitividade que não deve ser desprezada e sim usufruída em sua plenitude.

O argumento de alguns detratores desse cultivo de que ele ocupa área em demasia é igualmente falacioso, pois a área do nosso território ocupada com essas florestas é de cerca de 1%. Na China chega a 27% e nos EUA, 7%. No Chile, outro país de destaque na área, 13% do território é ocupado com florestas.

O mito de que o eucalipto "seca" o solo já foi contestado em inúmeros trabalhos científicos. O eucalipto consome os mesmos níveis de água que café, laranja e cana-de-açúcar. A floresta nativa consome mais água.

Com essa performance tão positiva, o setor baseado em florestas plantadas tem grandes planos para o Brasil. Em estudos apresentados ao governo há três anos, propõe-se um plano para ampliar, em dez anos, a área plantada para cerca de 10 milhões de hectares, o que permitirá que empreendimentos da cadeia produtiva de celulose e papel, móveis e energia possam quintuplicar suas exportações, elevando para US$ 6 bilhões/ano a arrecadação de impostos.

Tendo êxito nessas metas, serão dois milhões de novos empregos que ajudarão a fixar o homem no campo. Serão criados ainda dois milhões de hectares de novas áreas de preservação ambiental. Apoiar o setor de florestas plantadas é apostar no desenvolvimento pleno de nossas potencialidades, com ganhos sociais e ambientais indiscutíveis. * Antonio Joaquim de Oliveira é engenheiro florestal, mestre em economia e planejamento florestal e diretor florestal da Duratex S.A.
(GM, 28/03/06)

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