Capital da natureza é mais importante que capital financeiro, diz representante da ONU
2006-03-28
Começou ontem (27) o segmento ministerial de alto nível da 8ª Conferência de Países Membros da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8). "Somos a última geração capaz de parar a destruição do meio ambiente a tempo", disse o secretário executivo da COP-8, Ahmed Djoghlaf, na abertura da reunião.
Ele pediu pressa aos ministros, já que o objetivo principal da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), criada em 1992, dentro da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento biológica (Rio 92) - é alcançar, até 2010, uma redução significativa da taxa atual de perda de biodiversidade nos níveis global, regional e nacional. "O tempo está passando, o relógio não pára. Temos quatro anos para cumprir a promessa dos chefes de Estado", alertou Djoghlaf.
Durante dois dias, ministros do meio ambiente de todos os continentes e especialistas mundialmente renomados tratarão de questões como a relação entre a preservação da vida no planeta e comércio, agricultura e redução da pobreza. Também entrarão em pauta temas como o acesso a recursos genéticos e repartição de benefícios.
O diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Klaus Töpfer, destacou que as metas de 2010 são muito importantes para os objetivos do milênio. "O capital da natureza é mais importante que o capital financeiro, é tão importante quanto o capital humano se quisermos atingir nossas metas", disse. Segundo ele, os ministros devem reafirmar, em Curitiba, os princípios da Rio 92: "precaução e progresso".
Os resultados das discussões serão apresentados na quarta-feira (29), pela presidente da reunião, a ministra de Meio Ambiente Marina Silva, à plenária da COP-8 – evento reúne desde a semana passada 3,6 mil delegados de 173 países na capital paranaense.
Em entrevista à Radiobrás, a ministra disse que pode se esperar, do segmento ministerial, uma "declaração forte" em relação à necessidade de implementação da CDB. "Estamos verificando, cada vez mais, que para a implementação da convenção é necessário que se tenha uma política transversal, envolvendo diferentes setores no âmbito dos Estados nacionais e no âmbito da própria convenção, fazendo sinergias com outros mecanismos multilaterais, até mesmo com a Organização Mundial de Comércio", afirmou.
(Agência Brasil, 27/03/06)