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2006-03-27
Empresários e economistas se reuniram na sexta-feira (24/03), na sede da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), para discutir como o setor industrial brasileiro participará mais ativamente das conferências e reuniões internacionais das Nações Unidas (ONU) que discutem temas como biossegurança e preservação da biodiversidade, como as MOPs e COPs. Eles também debateram meios para implementar as decisões tomadas nesses encontros.

O ex-presidente da Petrobrás, Henri Philippe Reichstul, defendeu que as indústrias só adotarão regras de proteção ao meio ambiente quando houver algum tipo de “compensação governamental”. “Não adianta acreditar no bom mocismo e nem em que a conscientização é um instrumento de coersão forte o suficiente. É preciso que o governo adote normas de compensação financeira para empresas preocupadas com a questão ambiental”, defendeu.

Reichstul afirmou, ainda, que faltam instrumentos jurídicos no País para que o mercado sinta confiança em apostar em investimentos em pesquisas relacionadas ao meio ambiente. “Sem isso não há como gerar riqueza com a biodiversidade. E se isso não ocorre, não há porque discutir divisão de benefícios”, disse.

Para a advogada e engenheira química Maria Thereza Wolff, reconhecida internacionalmente quando os assuntos são patentes ou propriedade intelectual, antes de falar de acesso e repartição dos recursos ambientais é necessário um levantamento do “PIB” ambiental brasileiro. “Sem ele, não irão chegar a lugar nenhum”, afirmou.

Para ela, os países que participam das reuniões das Nações Unidas precisam definir melhor também como funcionará a repartição dos benefícios. “Há muitas dúvidas”, disse. Quem receberia os benefícios no caso de um conhecimento usado por mais de um povo? E até que ponto a utilização de uma planta pode ser considerada uma fonte de conhecimento?”, questiona.

Para o economista Joshua Bishop, da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), é preciso criar uma ponte entre a comunidade acadêmica e o setor industrial para que seja possível pesquisar meios seguros de explorar a diversidade da flora e fauna brasileira. Para isso, é preciso diminuir o excessivo protecionismo ambiental nas decisões das MOPs e COPs.

“Um exemplo de equilíbrio é a Costa Rica. Lá, 10% dos lucros obtidos com a exploração são reinvestidos em pesquisa e 50% são empregados pelo Ministério do Meio Ambiente do país em projetos de conservação”, disse.

Para o gerente de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente do Brasil, Bráulio Dias, o País levará muito tempo ainda para identificar toda sua capacidade biológica. “Conhecemos cerca de 200 mil espécies de plantas, animais e gens, 10% do total existente do Brasil. E em apenas 1% disso fizemos estudos de fisiologia e de importância econômica”, relata.

Ele também defendeu a utilização econômica do potencial do meio ambiente brasileiro. “Se não houver uso da biodiversidade, não haverá repartição. As empresas deveriam participar das discussões trazendo seus temas e entendo quando houver conflitos divergentes”, disse.
Por Adyr Nasser Júnior, Assessoria de Imprensa COP8/MOP3

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