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2006-03-27
O complexo fabril da Johnson & Johnson, de São José dos Campos (SP), conseguiu dar um passo significativo na marcha ambiental determinada pelos acordos internacionais de redução de emissões de resíduos poluentes, tornando-o uma referência na destinação ecologicamente correta do lixo industrial. O departamento de reciclagem de sobras de material da empresa, que recebe o descarte de 13 unidades produtivas, gerou no ano passado um faturamento de R$ 3,8 milhões e um lucro líquido de R$ 1,2 milhão.

Além disto, o departamento é totalmente auto-sustentável e se tornou uma referência no grupo. Além de manter suas instalações e maquinários, consegue empregar 60 funcionários. "O nosso lucro é voltado para os programas sociais da companhia", disse o gerente responsável pela área, José Ivan Ribeiro.

O Centro de Reciclagem e Resíduos da Johnson está longe de ser um amontoado de sucatas. Todo material sem aproveitamento, com pequenos defeitos, sobras de matérias-primas, embalagens plásticas e de papel está organizado e embalado. O chão é de uma limpeza hospitalar, muito diferente do que se pode supor de um depósito de entulhos. Esses ingredientes fazem parte do sucesso da política administrativa que busca ter o máximo de eficiência e responsabilidade ambiental. "Isto faz parte da cultura da Johnson."

O processo teve início em 1990, quando apenas 40% do material descartado era reciclado. Mas chegou nos últimos dois anos a casa dos 75%, mesmo com o crescimento do parque industrial em mais duas novas unidades fabris. Com o passar do tempo, o centro de reciclagem desenvolveu uma visão de negócio sobre sua atividade. Em 2005, 8,3 mil toneladas de materiais das mais diversas origens ganharam espaço no mercado de manufaturados.

Toda tecnologia de reutilização dos materiais foi desenvolvida por esse departamento, em parcerias com empresários e universidades, assim como as especificações técnicas de combinações para o surgimento de novos dos produtos. Os resultados são mais que surpreendentes. Os absorventes higiênicos triturados são transformados em palmilhas de calçados, as sobras de algodão em enchimentos para almofadas e estofados, as fraldas são matéria-prima para lonas de freio e filtros automotivos.

As possibilidades são tantas que as partes sem uso dos látex dos preservativos e peças defeituosas se transformam em solado para sapatos, as escovas e cotonetes acabam ocupando o espaço da madeira vegetal, criando assim um produto similar em material plástico. Se a denominação "madeira de plástico" é no mínimo estranha, principalmente para os mais afeitos a conceitos ecológicos, o resultado é um alívio imenso para o meio ambiente natural. Esses compostos plásticos servem perfeitamente para substituir qualquer emprego da madeira de origem vegetal e são extremamente resistentes. Hoje, toda matéria-prima captada pela Johnson usada na constituição deste artefato, é doada a entidade filantrópica Frei Hans Stapel, sediada em Guaratinguetá (SP). Neste local, são feitos bancos, mesas, estruturas de quiosques e armações para fazendas marinhas destinadas a criação de camarões.

Mesmo com a evolução tecnológica do maquinário empregado na produção da Johnson, o nível de qualidade exigido acaba por gerar descartes. Segundo Ribeiro, o volume residual baixou de 250 toneladas por mês em 1990 para 35 toneladas mensais em 2005. Mesmo assim ainda há muito que se reciclar, pois a demanda de mercado também cresceu neste período.

O maior volume de resíduos do processo produtivo vem dos materiais plásticos, 40% do total, seguidos de 25% dos papéis (celulose) e acompanhados de perto pelo látex, outros 20%. Só em papelão foi juntado e reciclado em 2005 cerca de 2 mil toneladas. Todo material é vendido para empresas manufatureiras, num estímulo ao desenvolvimento sustentável. Essas pequenas fábricas, que disputam uma concorrência a cada ano para manter-se nos padrões exigidos pela Johnson, dão os mais variados fins para o que seria lixo e estaria condenado aos aterros sanitários.

O pioneirismo levou a unidade a ganhar o prêmio ambiental da corporação em 2002 e o Bramex Ambiental, em 2005, pela Câmara de Comércio Brasil-México. "Nesta companhia as pessoas têm a compreensão que o planeta é um só e precisamos fazer a nossa parte nesta preservação."
(GM, 27/03/06)

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