ONGs têm peso maior que petróleo no PIB
2006-03-27
As instituições sem fins lucrativos são responsáveis por 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil — uma participação superior à de setores expressivos da economia brasileira, como a indústria de extração mineral (petróleo, minério de ferro, gás natural, carvão, entre outros), e maior que a de 22 Estados brasileiros (só fica atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná).
Os dados, obtidos pela PrimaPagina, fazem parte de um estudo preliminar ainda não divulgado, que cruza dados de 2002 da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), do arquivo do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas, SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal) e dados de assistência médica sanitária. A pesquisa está sendo feita para o Manual sobre a contribuição da sociedade civil para o desenvolvimento humano, projeto do Programa de Voluntários das Nações Unidas (UNV), do PNUD, em parceria com o Johns Hopkins Center for Civil Society Studies, instituição norte-americana que estuda as organizações sem fins lucrativos no mundo.
A pesquisa engloba organizações não-governamentais, sindicatos, partidos políticos e instituições filantrópicas. Em comparação com dados de 1995, ano em que havia sido feito o último estudo do Johns Hopkins Center, a participação do setor no PIB brasileiro quase quadruplicou, passando de menos de 1,5% para cerca de 5%, em sete anos.
No mesmo período, a quantidade de organizações do gênero saltou 71%: de 190 mil para 326 mil. O número de trabalhadores duplicou: passou de 1,5 milhão em 1995 para 3 milhões, em 2002 — metade deles com carteira assinada, 750 mil remunerados sem vínculo empregatício e 350 mil voluntários.
“O terceiro setor tem um tamanho que não se imaginava”, afirma a consultora e voluntária do projeto, Neide Beres, que trabalha junto ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) analisando os dados coletados nas pesquisas do instituto e separando as informações sobre as instituições sem fins lucrativos. “As pessoas que trabalham nessas instituições têm motivações diferentes, isso mostra a quantidade de pessoas que estão interessadas em contribuir com a melhoria da sociedade”, comenta.
O projeto tem como objetivo tornar mais clara a participação do terceiro setor no Sistema de Contas Nacionais brasileiro, que reúne os dados econômicos do país, já que os dados sobre as organizações sem fins lucrativos aparecem espalhados por diversos setores da economia.“Atualmente tudo fica misturado. Nada garante que as pequenas organizações, por exemplo, entrem nas pesquisas econômicas. E, quando entram, os dados se perdem em meio aos das outras instituições e outras empresas”, observa Neide. “Deixamos tudo em um único conjunto, para podermos comparar o impacto no PIB e a importância do setor dentro dos agregados socioeconômicos do país”, completa.
(PNUD, 26/03/06)