Uma casa convencional, com 1,5 mil metros quadrados, custa cerca de 600 mil marcos se for equipada com energia solar. A vantagem é que o consumo de energia é bem menor. Além disso, trata-se de uma energia renovável, não poluidora, e o usuário passa também a ser fornecedor. - É também uma poupança, pois os preços do petróleo e de outros combustíveis fósseis podem aumentar muito no futuro, enfatiza. Heidler conta que muitas casas antigas, em Freiburg, por exemplo, foram redesenhadas para a adoção da energia solar. Elas receberam revestimento especial nas paredes, por fora, para absorção de energia. Por dentro, as paredes parecem ocas - é o que os físicos chamam de isolamento térmico. A energia absorvida pelas paredes é retida e redistribuída no interior por meio de canais entre as paredes. O Hotel Viktoria, localizado no centro de Freiburg, é um exemplo de remodelamento para o uso de energia solar. Trata-se do primeiro hotel do mundo a usar esse tipo de tecnologia, e isso em cogeração, ou seja, geração de calor e eletricidade. Segundo Heidler, as janelas são também muito importantes para esse contexto, pois são responsáveis pela geração do efeito estufa. Elas são grandes, feitas em vidro especial, por fora, que parecem azulados ou pretos para quem olha à distância. Isto acontece, conforme o físico, porque o vidro contém uma certa proporção de ferro, que com a ação solar, possibilita o fenômeno da interferência, resultando na matiz azul ou escura. Muitas empresas gigantes que produzem painéis de energia solar, como a Siemens, por exemplo, abandonaram esse tipo de negócio na Alemanha, nos anos 80. Elas não acreditavam no futuro da energia solar no país, talvez devido ao escasso período de sol, e se transferiram para os Estados Unidos. Nesse meio-tempo, conforme Haidler, um empresário da Bavária, chamado Siva Mozart, resolveu construir a sua própria fábrica de energia solar na Alemanha. A meta dele era ter um lucro de 5 milhões de marcos por ano. De fato, ele realmente construiu a fábrica de modulos solares. Ela fica em Freiberg. - O produto dessa unidade tem mercado assegurado, observa Heidler. Ao mesmo tempo, as fábricas que haviam abandonado o mercado alemão retornaram. - Mesmo assim, Mozart tem mercado assegurado, um market share de 10%, comenta o físico. De acordo com ele, os módulos de coleta solar dessa fábrica são 10% mais caros do que os das fábricas gigantes. - As pessoas compram os módulos de Mozart da mesma forma como compram um Mercedez-Benz, ao invés de um Volkswagen, brinca. Atualmente, a produção dessa fábrica em Freiberg e de 10 megawatts por ano, pois ela também produz para a rede pública de eletricidade. No seu prédio, de oito andares, existem também co-geração de energia, no subsolo, a partir de biocombustível (calor e eletricidade produzidos com base em óleo vegetal). O sistema de ventilação permite que o ar quente suba, aquecendo os ambientes superiores, a partir do primeiro andar. O Hotel Viktoria conta com um co-gerador semelhante.