MP e Fepam querem EIA para expansão florestal no Estado
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zoneamento silvicultura
2006-03-27
O futuro dos projetos de silvicultura no RS e a adequação da atividade às normas de proteção ambiental foram tema de encontro entre o Ministério Público Estadual e Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) na última semana. A intenção é exigir das empresas do setor que estão se instalando no Estado os estudos de impacto ambiental antes do início do plantio. Através desses trabalhos e também do zoneamento ecológico/econômico, desenvolvido pela Fepam, impasses como o impacto a longo prazo da plantação de eucalipto, que divide opiniões, poderão ser esclarecidos.
Promotores de Justiça da Metade Sul do RS compareceram ao encontro, pois é nessa região que duas empresas produtoras de celulose, Votorantim e Stora Enso, estão em fase de instalação. Já a Aracruz Celulose pretende ampliar suas instalações. Embora o encontro visasse aos debates sobre como concretizar projetos sem ferir o meio ambiente, a destruição de cerca de um milhão de mudas de eucaliptos e de um laboratório de alta tecnologia da Aracruz este mês figurou nos debates.
"O MP não é contra os investimentos, apenas tem a preocupação no sentido de que esses projetos sejam feitos respeitando o patrimônio ambiental gaúcho", afirmou o procurador-geral de Justiça, Roberto Bandeira Pereira. A promotora de Justiça Sandra Segura, da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente da Capital, destacou que tão logo o MP tomou conhecimento do interesse das empresas pelo solo gaúcho, instaurou inquéritos civis para apurar o licenciamento dos investidores a essa atividade.
"Também estamos verificando se existem eventuais danos decorrentes do plantio de exóticas em grande escala", declarou. O diretor-executivo da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), José Lauro de Quadros, informou que o Brasil cultiva apenas 12 das mais de 700 espécies de eucalipto. Afirmou que "as que mais consomem água não são plantadas aqui". Quadros defendeu o plantio, afirmando que o eucalipto protege contra a erosão do solo, faz a limpeza do ar e evita a pressão (corte) sobre as florestas nativas.
O conselheiro do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-RS) Leonardo Oliveira destacou os benefícios econômicos e sociais desse plantio. "Gera várias fontes de receita e emprego", disse. Ele avalia que haja distorções no foco da discussão sobre esse tipo de floresta, que, conforme ambientalistas, consome muita água. "A questão da água é muito complexa, pois reúne muitos fatores. A evaporação do eucalipto é a mesma de outras árvores", sustenta Oliveira.
(CP, 26/03/06)