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2006-03-24
A mobilização da comunidade de Santa Cruz do Sul e região, há cerca de dois anos, motivou o surgimento do Comitê Pardo com o objetivo de desenvolver ações voltadas à preservação dos recursos hídricos na bacia do Rio Pardo. A partir daí, foram realizados estudos para conhecer como estão os mananciais. Lideranças também participaram de reuniões voltadas à conscientização quanto aos cuidados com a água.

Quarta-feira (22/03), nas comemorações do Dia Mundial da Água, uma boa notícia foi anunciada pela presidente do comitê, Lúcia Schmidt. Deve ser apresentado, em abril, o projeto final com os planos para garantir água de qualidade no futuro. As propostas são resultado do estudo promovido por técnicos da Ecoplan Engenharia desde 2004.

A meta é de longo prazo. Deve levar 12 anos para ser concluída mas, segundo Lúcia, vai permitir abastecimento nos próximos anos. O projeto foi definido a partir de 16 itens onde foram constatados problemas. Dentre eles estão o assoreamento das margens dos rios e arroios, contaminação e poluição por meio de agrotóxicos.

Em Santa Cruz a situação da Sanga Preta, que concentra a maior parte do esgoto produzido na cidade, foi apontada como um dos maiores danos da bacia. Existe um ponto no qual ela desemboca no Rio Pardinho misturando os dejetos à água. Outra situação verificada foi a freqüência com que ocorrem as enchentes, que todos os anos causam transtornos aos moradores das áreas ribeirinhas.

As ações para combater os problemas, de acordo com Lúcia, vão estar baseadas na conscientização. Para isso já começaram a ser promovidos programas de educação ambiental com estudantes das redes pública e privada. Mas as propostas devem ser mais abrangentes. Segundo ela, os trabalhos vão englobar a adoção de políticas públicas em parceria com a população e entidades privadas. “Será necessário que todos se envolvam para garantir a preservação das águas”, ressaltou.

Essa parceria é que poderá garantir o dinheiro necessário para colocar o plano em prática. Até agora não há estimativas de quanto precisará ser aplicado nos próximos 12 anos. Só para os diagnósticos foi aplicado R$ 1,3 milhão.

- A qualidade da água não está de acordo com as exigências em vários trechos da bacia do Rio Pardo.
- Existe poluição de origem urbana e rural com nível limitado de tratamento.
- Déficit hídrico.
- Enchentes constantes em zonas urbanas e rurais.
- O uso e a ocupação do solo comprometem parcialmente a qualidade dos mananciais subterrâneos.
- Ocorrem obstruções dos rios e arroios ao longo da bacia.
- Existem trechos recuperados na parte baixa da bacia e ações pouco controladas de alteração do traçado do rio.
- A vegetação ciliar tem déficit de 63%.
- O uso do solo sofre alta pressão com práticas de manejo inadequadas.
- O total das áreas sob proteção legal corresponde a 0,26% da área total da bacia.
- Não há proteção formal dos locais ocupados por espécies ameaçadas de extinção.
- Os programas de gestão possuem pouca efetividade e há baixo controle sobre as atividades poluidoras.
- Dos seis instrumentos previstos na legislação, apenas dois estão sendo colocados em prática.
- Existem eventuais cursos de capacitação e formação para gestores de recursos naturais e programas de orientação e treinamento aos produtores rurais, mas não há intercâmbio institucional de informações.
- Os programas de educação ambiental são pouco articulados.

O projeto quanto à preservação da bacia do Vale do Rio Pardo será o primeiro concluído no Rio Grande do Sul. Outras regiões também possuem propostas semelhantes, dentre elas Santa Maria, Guaíba e Gravataí.
(Dejair Machado/Gazeta do Sul, 23/03/06)

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