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2006-03-24
Um estudo divulgado na Inglaterra mostra que as empresas que têm preocupações sócio-ambientais são as que mais crescem no mundo. "O que acontece é que normalmente uma empresa concentra o foco na sua atividade e não olha no entorno, mas pensar a biodiversidade é uma nova visão do mundo dos negócios", disse ontem (23/036) a GM, em Curitiba, o coordenador de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Mauro Capóssoli Armelin. Ele lembrou como exemplo o caso da atuação de um empreendimento que teve de fazer uma movimentação de populações indígenas. "A conta chegou 20 anos depois e a empresa teve de pagar uma fortuna. O que nós queremos é que elas se preparem além do business plan e incorporem a biodiversidade na sua visão estratégica para evitar problemas deste tipo", explicou Armelin.

Questão crucial
Estar preparado para adotar práticas mais sustentáveis em relação aos impactos de suas atividades sobre a biodiversidade vai ser uma questão crucial para o mundo dos negócios no futuro, não só pelos problemas, mas porque também os acionistas das empresas vão estar melhor informados. Já há um indicador do interesse pela biodiversidade, lançado em 2004 por uma das principais administradoras de ativos do Reino Unido, a Insight Investment. E ele parece estar conduzindo petrolíferas, mineradoras e empresas de serviços essenciais a melhorar seus processos de gerenciamento de riscos à biodiversidade. Ligada ao Grupo HBOS, o quinto maior banco do Reino Unido, a Insight administra 88,7 bilhões de libras esterlinas em ativos e tem como política estimular as companhias a adotar elevados padrões em questões sociais, ambientais e éticas.

Os resultados do indicador em 2005 foram apresentados na terça-feira à noite em uma reunião paralela à 8ª Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica (COP-8), em Curitiba. A pontuação média de 36 companhias alcançou 56% (numa escala de 1% a 100%, que avalia a performance em biodiversidade), oito pontos percentuais acima da média de 48% obtida em 2004 pelas 22 empresas monitoradas naquele ano.

No grupo que obteve média superior a 66% estão empresas mineradoras como Rio Tinto, Anglo American, BHP Billiton e Alcoa, e petrolíferas como British Petroleum e Shell. Elas formam no indicador da Insight a categoria de companhias que gerenciam ativamente os riscos à biodiversidade oriundos de suas atividades. Com pior avaliação, abaixo de 33%, ficaram companhias como a Alcan, do setor de alumínio, e o Grupo Suez, que atua no setor de água e saneamento. "Não é comum que as companhias tenham um item específico sobre biodiversidade em suas avaliações de impacto ambiental", disse Kerry ten Kate, diretora da Insight.
(GM, 24/03/06)

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