Ambientalista analisa gestão da água no Brasil
2006-03-24
"Até que ponto vamos comprometer os nossos mananciais?" O questionamento é de Mario Mantovani, diretor de Mobilização da Fundação S.O.S. Mata Atlântica se referindo às previsões da ONU que, em 50 anos, 45% da população mundial não terá acesso mínimo à água. Atualmente, um bilhão de pessoas já sofre com a falta de água potável. Em entrevista coletiva on-line na quarta-feira (22/03) pelo portal Comunique-se, Mantovani alertou sobre a escassez de água com qualidade.
Para o coordenador, a gestão participativa é uma das grandes conquistas da sociedade civil em relação às águas, que não deve ficar apenas limitada à ação de conselhos, mas ter controle social. "A água é um bem público, a garantia de acesso a todos é universal, até mesmo àqueles que não podem pagar", ressaltou.
Entretanto, Mantovani revela que a mobilização das pessoas para o tema nem sempre é fácil. Ele analisa que em São Paulo aconteceu de forma relativamente fácil porque os cidadãos convivem cotidianamente com a influência dos rios nos congestionamentos das ruas, por conta das enchentes, doenças e má qualidade de vida. "No caso das micro-bacias, estes conselhos precisam ser melhor providos, já que esse tipo de gestão é uma forma de engajamento que parte da cultura local", complementa.
Para Mantovani, o Brasil tem grandes chances de se destacar na gestão de recursos hídricos. "Acabamos de aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos, temos mais de 20 comitês com planos de bacias, algumas agências já se instalaram e a cobrança pelo uso da água está se efetivando"explica. Falta, contudo, proteger melhor os mananciais, uma vez que mais de 90% dos esgotos são jogados diretamente nos rios.
Além disso, de acordo com o coordenador, a contaminação das águas subterrâneas é outra realidade que precisa ser enfrentada, com cadastro e controle de outorga para a perfuração de poços artesianos e de outros usos "menos nobres", como na utilização de postos de gasolina.
Por André Alves, Estação Vida