O governo da Eritréia expulsou várias agências de ajuda humanitária do país, apesar da seca que afeta a região. Cartas anunciando a decisão foram enviadas para pelo menos três agências, incluindo a americana Mercy Corps, a irlandesa Concern e a britânica Acord. O governo não deu nenhuma justificativa pela medida, dizendo apenas que as organizações não tinham cumprido os requerimentos exigidos para operar no país.

Pelo menos um em cada três eritreus não tem quase nada para comer por causa da seca que atinge toda a região conhecida como o chifre da África, no noroeste do continente. O presidente Isaias Afewerki já disse várias vezes que a população pratique a automanutenção. "Agradecendo a sua organização pela contribuição que tem feito aos programas de ajuda e reabilitação no Eritréia, o Ministério informa cordialmente que o certificado de registro está sendo suspenso e pede que a organização interrompa suas atividades", dizia uma das cartas do Ministério do Trabalho e Bem-Estar Social.

As Ongs dizem que esperam poder discutir o assunto com o governo. A Eritréia tem, no entanto, gradualmente reduzido suas relações com a comunidade internacional. O governo recusou, no ano passado, uma missão da ONU que iria avaliar o nível de cultivo no país. Em setembro, depósitos de comida foram fechados, reduzindo o número de pessoas recebendo ajuda de 1,3 milhão para 72 mil.

Recentemente, a Eritréia realizou operações contra tropas de paz da ONU que patrulham a fronteira do país com a Etiópia e expulsou funcionários ocidentais da organização. A Eritréia e a Etiópia lutaram uma guerra brutal entre 1997 e 2000 que acabou com um acordo de que os dois países iriam respeitar a decisão de um tribunal internacional sobre onde a fronteira deveria ser traçada.

No entanto, a Etiópia recusou que a demarcação fosse feita sem novas discussões e a Eritréia vem pedindo para que a comunidade internacional faça mais pressão sobre o governo etiópio. Em uma rodada para tentar acabar com o impasse no último fim de semana, a comissão responsável pela demarcação da fronteira disse que iria retomar o trabalho interrompido há alguns anos.
(BBC, 23/03/06)
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2006/03/060322_eritreamp.shtml