Vírus da gripe aviária sofre mutação genética
2006-03-23
O vírus H5N1, que causa a gripe aviária, se desdobrou em duas variantes genéticas, de acordo com estudos feitos nos Estados Unidos e apresentados na Conferência Internacional sobre Novas Doenças Infecciosas, em Atlanta. A descoberta indica que o vírus pode sofrer mutações genéticas, o que dificulta os esforços no desenvolvimento de uma vacina e aumenta os riscos para seres humanos.
Os cientistas dos Estados Unidos analisaram mais de 300 amostras do H5N1 retiradas de pássaros e pessoas infectadas com o vírus entre 2003 e o verão de 2005. Antes de 2005 todos os casos registrados da doença em humanos haviam sido causados por um subtipo do vírus H5N1, que contaminou pessoas no Vietnã, Camboja e Tailândia.
Análises mais recentes do Centro para o Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos levaram à identificação de uma outra variante enética, que aparentemente surgiu no ano passado e infectou pessoas na Indonésia."À medida que o vírus continua sua expansão geográfica, também está passando por uma expansão em sua diversidade genética", disse a pesquisadora Rebecca Garten."Em 2003 nós só tínhamos uma variação genética do H5N1 com o potencial de causar uma pandemia humana. Agora temos duas."
Pandemia
Desde que reapareceu em 2003 a variante H5N1 da gripe aviária se espalhou pela Europa, África e partes da Ásia e já infectou 180 pessoas, matando quase cem. Cientistas temem que o vírus possa evoluir e adquirir a habilidade de ser transmitido facilmente entre humanos, o que poderia causar uma pandemia, resultando na morte de milhões de pessoas em todo o mundo. Todos os vírus de gripe sofrem mutações facilmente e o H5N1 não parece ser exceção.
Mas a chefe da área de gripe do Centro para o Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, Nancy Cox, disse que nenhuma das duas variações genéticas do H5N1 é facilmente transmissível entre seres humanos. As autoridades americanas estão trabalhando em vacinas para combater essas duas variações. Mas o desenvolvimento de uma vacina definitiva só será possível quando se souber exatamente qual a variação de vírus que pode causar uma pandemia.
O doutor John McCauley, do Instituto de Saúde Animal, também acredita que o surgimento de duas variantes do vírus complica a criação de uma vacina. Apesar disso, os pesquisadores estão confiantes de que uma vacina que proteger contra um tipo de H5N1 poderá pelo menos parcialmente prevenir o outro.
(BBC, 21/03/06)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u51865.shtml