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2006-03-24
O presidente da Aracruz Celulose, Carlos Aguiar, confirmou Guaíba como destino da nova planta da empresa no Estado. A informação veio durante palestra no Fórum RS na Rota dos Investimentos, na quarta-feira, 22 de março, no Hotel Sheraton, em Porto Alegre.

Em sua fala, ele apresentou o tópico “Alternativas de crescimento no Rio Grande do Sul”. Já no primeiro item ficou claro o projeto: “Expansão de 1 milhão de toneladas de celulose ao ano em Guaíba”. Ou seja, a nova fábrica, que terá exatamente essa capacidade, será no município gaúcho. A Riocell, unidade comprada pela empresa da Klabin, em 2003, produz 430 mil toneladas de celulose ao ano. “Logo vamos chegar nas 450 mil toneladas, mas isso não é uma escala mundial. A proposta é que esse site chegue a 1,5 milhão de toneladas para se tornar competitivo”, justificou Aguiar.

O anúncio oficial do tão esperado investimento foi mais uma vez adiado, de março para o meio do ano. “A decisão final está se aproximando. Quero virar o semestre com os estudos concluídos. Mas ainda precisamos saber mais. Há detalhes a serem discutidos com o Governo, tem itens não muito claros como o Porto de Rio Grande”, citou Aguiar.

Germano Rigotto prometeu novidades nas negociações para os próximos dias. Mas Governo e Aracruz não deixam claro o que está em jogo. Os executivos da empresa falam em detalhes sobre questões de logística. O secretário Luis Roberto Ponte diz que já houve o entendimento e que a companhia só está esperando o melhor momento. “Infra-estrutura não vai ser problema, não tem nada disso atrapalhando. É mais uma questão decisória”, desconversa.

Após a insistência do repórter, ele admite que será necessário completar alguma coisa para navegação. “Mas isso não é para agora. Na verdade, o que influenciou o adiamento do anúncio foi esse fato (ataque da Via Campesina). Que não enfraqueceu, mas fortaleceu a decisão pela força da resposta da sociedade. Só que eles não quiseram definir no calor dos acontecimentos”.

Revitalização do Jacuí e terminal são pré-requisitos
A lista de exigências da Aracruz para fechar negócio com o Governo do Estado ainda é segredo, mas pelo menos dois pré-requisitos foram apurados pela reportagem do Ambiente JÁ, durante o Fórum RS na Rota dos Investimentos: a revitalização da hidrovia do rio Jacuí e um novo terminal no Porto de Rio Grande.

Conforme o diretor-superintente, Vidal Áureo Mendonça, está sendo preparado um edital para a instalação de um terminal específico para exportação de produtos florestais no Porto de Rio Grande, que vai receber desde madeira bruta até celulose branqueada.

“A licitação pública deve ser lançada em alguns meses”, adianta Mendonça. Hoje saem pelo porto 370 mil toneladas de celulose. O trabalho é feito no cais público, com guindastes tradicionais. “A vinda da VCP, Stora Enso e a ampliação da Aracruz devem alterar o volume. Serão 3 milhões de toneladas de celulose. Por isso a criação de um terminal específico”, justifica.

O presidente da Aracruz, Carlos Aguiar, falou que a empresa precisará do apoio dos governos estado e federal para tornar navegável a hidrovia do Jacuí. “Queremos seguir com nossa experiência de transporte em barcaças”. O desafio é escoar escoar a matéria-prima, que estará dividida em 40 municípios. Por isso, a Aracruz quer ter claro o funcionamento dos modais ferroviário, rodoviário e hidroviário.

“Faltam esses detalhes de infra-estrutura para selarmos o acordo formal. Isso demora. Tem que ver, por exemplo, quantos mil metros cúbicos terão que ser removidos para que o calado seja o ideal. E também o quanto o governo pode fazer. Se tivermos que investir, o empreendimento fica onerado, e isso tem que ser incluído estudo de viabilidade. Está tudo em andamento. O governo está agindo, mas demora um tempo até se chegar nas conclusões ténicas”, relata o diretor de Operações da Aracruz, Walter Lídio Nunes.
Por Guilherme Kolling

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