Proteção a animais em extinção ajuda comunidades mais pobres
2006-03-24
Se a pergunta mais comum sobre conservação ambiental costuma ser "o que as pessoas ganham com isso?", um estudo feito pela ONG ambientalista WWF sugere uma resposta: menos pobreza. O trabalho acompanhou seis experiências de conservação (tigres no Nepal, pandas na China, botos na Índia, diversos mamíferos na Namíbia, gorilas em Uganda e tartarugas marinhas na Costa Rica). Em todos os casos, as comunidades que convivem com os bichos protegidos ganharam em dinheiro, capacitação e até em termos de igualdade social.
"O importante é que, fora a experiência na Costa Rica, a maioria desses ganhos não veio do turismo, mas da capacidade que essas pessoas adquiriram de gerir melhor os recursos naturais dos quais dependem", disse Amanda Nickson, vice-diretora do Programa Global de Espécies do WWF.
"Isso mostra que, se você fizer a coisa do jeito esperto, a conservação se torna um ganho tanto para os animais quanto para as pessoas", afirma ela. Na Índia, por exemplo, na região de Uttar Pradesh, a iniciativa de proteger o boto do rio Ganges (Platanista gangetica), como a restrição da pesca e o controle da poluição no rio, gerou também melhora na qualidade de água para a população.
A construção da Hidrelétrica de Belo Monte é um dos temas polêmicos que deverão ser debatidos durante o evento. Nos anos 80, a estatal Eletronorte tornou público o projeto para construção de seis grandes hidrelétricas ao longo do Rio Xingu, que foi praticamente suspenso em 1989 devido a onda de protestos de povos.
(Folha de S.Paulo, 22/03/06)