Cursos de água da Ilha de São Luís estão ameaçados
2006-03-23
O lençol freático da ilha de São Luís do Maranhão sofre coma ameaça de salinização e boa parte dos mananciais de água está poluída pelo esgoto lançado in natura ou pela ocupação de suas margens. Os quatro municípios e São Luís fazem parte da Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental, que reúne as bacias dos principais rios do estado e abrange cerca de 90% do Maranhão.
Os dois principais rios da ilha – Bacanga e Anil – são exemplos típicos dos problemas que os cursos d´água tem em São Luís. Em ambos se pode encontrar casas que foram construídos dentro do leito e o derramamento de esgoto sem tratamento em suas águas.
Estes dois rios ainda podem ser salvos no entanto, há outros cursos d´água como o rio Itapiracó, que sofre com os mesmo problemas porém é apontado como um rio morto devido ás agressões que sofreu a expansão urbana sobre suas margens.
O chefe do departamento de unidades de conservação da secretaria de estado de Meio Ambiente, Inácio Amorim, disse durante um entrevista a O IMPARCIAL em novembro que a maior ameaça vem das casas das populações ribeirinhas do estado.
A informação na época foi confirmada pelo pesquisador Lúcio Macedo. Segundo ele, o maior problema é a falta de tratamento de esgoto. “Temos apenas 2% do esgoto do estado tratado. O resto vai tudo para as nossas bacias hidrográficas, o que acaba comprometendo a qualidade da água dos nosso rios que também abastecem as cidades ribeirinhas”, comentou o pesquisador.
Segundo dados divulgados em 2005 pela Agência Nacional da Águas (ANA) informam que a área urbana de São Luís é apontada como uma das regiões mais críticas do estado no que diz respeito ao esgotamento sanitário.
“Na região metropolitana de São Luís, a contaminação das águas pelo lançamento de esgotos sem tratamento causa perdas e restringe outros usos”, diz o relatório da ANA sobre Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental.
De acordo com o relatório são lançados diariamente cerca de 2,3% do esgoto não tratado do país. Isso quer dizer cerca de 147 toneladas de esgoto, que é medida por um grandeza chamada Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) que mede a necessidade de oxigênio para decompor dejetos orgânicos.
O problema com esgotamento sanitário poderia já ter sido resolvido no último governo, que ainda chegou á construir duas estações de tratamento de esgoto. Porém, as interligações necessárias para coletar o esgoto residencial de regiões como centro, Coroadinho e Renascença não foram feitas e hoje as duas trabalham com uma produção aquém da capacidade.
Apesar do cenário negativo, a Companhia de Águas e Esgotos (Caema) tem feito esforços para diminuir a poluição numa das principais massas d´água de São Luís: a Lagoa da Jansen. Segundo o diretor de Operação e Manutenção da estatal, Aparício Bandeira, se está fechando os pontos de lançamento de esgoto nesta área da cidade. “Já fechamos 35 bocas e estamos nos preparando para fechar as 18 que ainda restam até o final do ano”, assegurou o executivo.
Um outro problema que preocupa os ambientalistas é a possibilidade do lençol freático subterrâneo da capital. Há quatro anos, quatro poços escavados na área Itaqui-Bacanga já tinham água salgada.
(O Imparcial, 22/03/06)