Santa Catarina reduz impacto ambiental na área rural
2006-03-23
O Projeto Suinocultura Santa Catarina, vinculado ao Programa Nacional de Meio Ambiente (PNMA 2), já gerou modelos de intervenção ambiental bem sucedidos na produção de suínos. Essa é a principal conclusão das visitas feitas a propriedades rurais de Concórdia que receberam investimentos do projeto. "Estamos seguros que as tecnologias testadas mostraram que há como produzir suínos sem poluir o meio ambiente", garantiu o pesquisador Paulo Armando de Oliveira, da Embrapa Suínos e Aves, que atuou como executora técnica da primeira fase do Projeto Suinocultura Santa Catarina.
O PNMA 2, conduzido pelo Ministério do Meio Ambiente e financiado por meio de acordo de empréstimo entre o governo brasileiro e o Banco Mundial (BIRD), iniciou em 2002. A proposta do programa era validar tecnologias que minimizassem o impacto ambiental dos dejetos suínos. Foram escolhidas as bacias hidrográficas dos rios Fragosos, em Concórdia, Meio-oeste de Santa Catarina, e Coruja/Bonito, em Braço do Norte, Sul do Estado, para a aplicação dos recursos do PNMA. Das 190 propriedades rurais instaladas nas duas bacias, 45 receberam dinheiro para se adequar ambientalmente e conseguiram licença ambiental para continuar produzindo suínos.
Tecnologias - No dia 16 de março, representantes das instituições responsáveis pela condução do projeto Santa Catarina e o secretário da Agricultura de Santa Catarina, Moacir Sopelsa, visitaram três das 45 propriedades rurais beneficiadas. Em cada uma delas foram observadas as melhorias proporcionadas pelas tecnologias escolhidas para serem validadas pelo projeto. O suinocultor Jandir Galiase, por exemplo, implantou canaletas cobertas para a condução dos dejetos até a esterqueira. Foram modificados também os telhados das instalações para dar um destino adequado à água da chuva. "Ficou muito melhor. Praticamente, não há mais moscas na propriedade", disse Galiase.
O produtor Jairo Pozzo também mostrou satisfação com a tecnologia que sua propriedade recebeu. Pozzo utiliza o dejeto suíno gerado na propriedade para alimentar um biodigestor. O biogás fornecido pelo equipamento fez com que o produtor não utilizasse mais gás de cozinha para o aquecimento dos frangos. "O biodigestor representou uma economia e um destino adequado para os dejetos", explicou o produtor. Na propriedade de Paulo Sechi, está em funcionamento uma plataforma de compostagem de dejetos. A principal novidade da plataforma é um equipamento que revolve o dejeto e a maravalha, diminuindo significativamente a mão-de-obra do produtor. "O sistema se mostrou muito eficiente no tratamento dos dejetos", revelou Paulo Armando de Oliveira.
Para o secretário estadual da Agricultura, Moacir Sopelsa, as experiências do projeto Suinocultura Santa Catarina não deixam dúvida de que é possível conciliar a produção de suínos com a sustentabilidade ambiental. "O que foi feito em Concórdia e em Braço do Norte serve como ponto de partida para intervenções maiores. Temos de manter essa política de aliar a pesquisa agropecuária com projetos de intervenção nas propriedades rurais", afirmou o secretário. A segunda fase do projeto Suinocultura Santa Catarina, que inicia em breve, terá a Fatma como executora técnica.
(A Notícia, 23/03/06)