Descrição de novas espécies precisa dobrar até 2015, dizem cientistas
2006-03-23
Um documento apresentado à 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8) por um grupo de cientistas oriundos de várias partes do mundo recomenda o aumento dos investimentos em pesquisa para dobrar até 2015 a taxa anual de descoberta e descrição de novas espécies, incluindo animais, vegetais e microorganismos.
“É uma meta audaciosa, mas factível”, diz Peter Toledo, diretor da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). Segundo ele, cerca de 25 mil novas espécies são descritas a cada ano, número que deveria ser dobrado para 50 mil para dotar organismos internacionais e nacionais de informações essenciais para suas políticas de conservação da biodiversidade.
A proposta faz parte de um documento produzido com base nos resultados do simpósio “Biodiversidade – a megaciência em foco”, realizado de 15 a 19 de março em Curitiba. O documento pede que se facilite o acesso dos pesquisadores ao campo, tocando em um dos pontos mais polêmicos da COP8, que trata do acesso aos recursos genéticos e repartição dos benefícios. Embora insatisfeitos com o processo regulatório para autorizar pesquisas de campo com material genético, os cientistas reconhecem que “indígenas e comunidades locais deveriam ser envolvidos em todos os estágios dos processos de decisão”.
Ainda de acordo com o texto dos pesquisadores, “a incorporação de instrumentos econômicos para a conservação da biodiversidade nas políticas públicas de meio ambiente é altamente desejável”.
Com o documento, os cientistas esperam se aproximar mais dos tomadores de decisão, tentando jogar um papel mais ativo nas discussões das COPs da CDB (Convenção sobre Diversidade Biológica). “Precisamos ser mais proativos na comunicação de nossas pesquisas. Nossas coleções de plantas e animais devem se tornar mais públicas”, diz Toledo.
Evento associado à COP8, o simpósio reuniu 200 pesquisadores e técnicos de instituições públicas. Com o apoio de dezenas de entidades científicas de todo o mundo, o encontro foi promovido pela SBPC, Academia Brasileira de Ciências e AMNAT (Associação Memoria Naturalis), em colaboração com a IUBS (União Internacional de Ciências Biológicas).
Por José Alberto Gonçalves, Assessoria de Imprensa COP8/MOP3