Brasil se une à proteção global pelos corais marinhos
2006-03-23
O Brasil anunciou ontem (22/03) na 8ª Conferência de Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas (COP8) que se unirá à Iniciativa Global sobre Recifes de Coral (Icri, do inglês International Coral Reef Inititative). A Icri foi lançada em 1994 e reúne pesquisadores, governos e ongs de todo o mundo em um esforço para evitar a destruição dos corais, que são um dos princicipais repositórios de vida marinha. O País já deve participar do próximo encontro do grupo, a ser realizado em outubro, no México.
Entre os principais perigos para a sobrevivência dos corais em todo o globo estão o turismo irregular, a pesca excessiva, a poluição por esgotos e agrotóxicos e a sedimentação provocada por rios cada vez mais carentes de matas em suas margens. Conforme o Icri, o aquecimento da água dos oceanos tem afetado de forma mais drástica as formações coralinas. Em 1998, 75% dos corais do globo sofreram descoloração pelo calor das águas. Cerca de 35% teriam sido perdidos para sempre.
De acordo com um estudo apresentado por Mark Eakin, do National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), uma área do Departamento de Comércio dos Estados Unidos para assuntos ligados à meteorologia, oceanos, atmosfera e clima, a temperatura do mar na América Central, Flórida, Panamá e Caribe registrada em 2005 foi a mais quente dos últimos 20 anos. Isso provocou descoloração de até 80% dos corais e grande mortandade dessas formações na região.
Entre as recomendações do norte-americano para reverter esse quadro de degradação, estão melhorar o tratamento dos esgotos lançados nos rios e mares, reduzir a incidência de doenças coralinas e estimular a reprodução de corais, e ainda impor controles rígidos ao turismo. O pesquisador citou o exemplo da Austrália, onde cada empresa de mergulho opera em um banco específico de corais. Isso facilitaria o gerenciamento do número de visitantes e dos impactos sobre os corais.
O Brasil já estaria seguindo parte da cartilha descrita por Eakin para a preservação dos bancos de corais. Os detalhes da ação nacional pela preservação dessas formações, distribuídos por três mil quilômetros de costa entre o Maranhão e a Bahia, serão apresentados hoje à tarde na COP8. O evento será às 18h30min (Sala B1-10). Também participam a Colômbia e a Austrália.
Conforme a professora de Oceanografia Beatrice Padovani Ferreira, da Universidade Federal de Pernambuco, os corais brasileiros sofrem com problemas semelhantes aos descritos pelo Icri em outros pontos do globo – sobrepesca, poluição, turismo desregrado e sedimentação. Segundo a consultora “voluntária” do Ministério do Meio Ambiente, o impacto é preocupante sobre as 19 espécies de corais brasileiras. Dessas, 8 só existem no Brasil.
Mais informações em www.icriforum.org e www.coralreefwatch.noaa.gov
Por Aldem Bourscheit, Assessoria de Imprensa COP8/MOP3