Liderança do Fórum Alternativo afirma que Fórum oficial das Águas é restritivo
2006-03-23
Regina Mendes é uma das organizadoras do I Fórum Alternativo da Água, que
aconteceu no México entre os dias 16 e 19 de Março. Ainda jovem, muito
comunicativa, esteve presente em um seminário organizado pela CCFD (Comitê
Católico da França contra a Fome e pelo Desenvolvimento) sobre "água e
agricultura" e respondeu a perguntas sobre o evento que ela ajudou organizar.
Adital: Quem organizou o Fórum Paralelo?
Regina Mendes: Inicialmente foram 18 entidades aqui do México que chamamos
COMDA, isto é, "Coalização de Organização Mexicanas pelo Direito à Água". Mas
depois chegaram entidades de outros países. Por isso o Fórum tornou-se Mundial.
Adital: Por que vocês não estão no Fórum Oficial?
Regina: Fomos convidados, mas tudo para nós era muito restrito, não tínhamos
escolhas. Os temas, o tempo, tudo que nos ofereceram já era pré-limitado. Não
tínhamos, enfim, aquilo que chamamos de participação efetiva, como ajudar a
montar, organizar, decidir...É bom dizer que alguns especialistas nossos foram,
mas foram em nome pessoal, não em nome da entidade à qual pertencem.
Adital: E como foi o processo para organizar o Paralelo?
Regina: Foi muito difícil. São muitas entidades de natureza muito
diferentes. Os
sindicatos, por exemplo, têm sua própria lógica, diferente da nossa, as
organizações populares e ONGs. Mas em nosso meio também tem funcionários de
governos, intelectuais, etc. Não é fácil costurar essas diferenças. Mas foi um
desafio positivo e o resultado parece bom.
Adital: Quem financiou o evento?
Regina: As organizações que participam e a solidariedade internacional.
Adital: Quantas pessoas estiveram presentes?
Regina: Não tenho dados oficiais, mas pelas oficinas já passaram
aproximadamente
15 mil pessoas. Acho que é muito, porque muitos países tiveram problemas com o
visto para entrar no México. As exigências foram minuciosas. Exigiram até comprovante de movimentação de conta bancária.
Adital: O Fórum terá continuidade?
Regina: É difícil que se mantenha. A expectativa é criar espaços mais abertos à
participação. Nosso conteúdo já temos: água como direito humano, respeito à
natureza, não à privatização, controle social democrático e transparente da água.
Vamos ver, ao final, que estratégias definiremos. A proposta de continuidade é
criar o Movimento Mundial em Defesa da Água.
(Adital, 21/03/06)
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=21630