Mexilhões ameaçam entupir tubulação da Corsan em Montenegro
2006-03-23
A proliferação do molusco conhecido como mexilhão dourado já começa a preocupar a Companhia Riograndese de Saneamento (Corsan) em Montenegro. A empresa está programando a primeira limpeza nos canos de captação no Rio Caí para uma data entre o final de maio e o início de junho.
Segundo o técnico Fernando Azevedo Orth, responsável pela qualidade da água na cidade, ainda não existe perigo eminente. Apesar do organismo já ser verificado em grande quantidade no entorno dos equipamentos, não houve redução na vazão de água nas bombas e ele não acredita em um entupimento por enquanto.
Ele acredita que maio seja o limite suportável do sistema em Montenegro, a menos que uma emergência aconteça antes disso. Segundo Orth, o trabalho de limpeza ainda não foi realizado porque será necessário cortar o abastecimento, o que traria grande transtorno no período do verão, quando o consumo é maior.
Para retirar os mexilhões, será necessária a utilização de mergulhadores e um equipamento que fará a sucção na tubulação e na câmara de captação. Orth aposta que o trabalho deve durar, no mínimo, quatro horas. No entanto, este prazo ainda é incerto porque ninguém sabe quantos crustáceos podem estar colados na ponta dos canos submer-sos no Caí. O custo da operação não foi orçado.
Características do mexilhão dourado
Nome científico: Limnoperna fortunei
Tamanho: Quando adulto, atinge até quatro centímetros
Aspecto: Ele é formado por duas conchas, vive em média três anos e é um filtro de águas, de onde tira seu alimento
Origem: Ásia
Uma reprodução rápida
Orth classificou a situação vivida na região metropolitana como uma "bioinvasão". Segundo ele, há cerca de doze anos, o mexilhão dourado, ou Limnoperna fortunei, chegou à América do Sul vindo da Ásia, via Argentina, dentro dos porões alagados de cargueiros. Ele chegou primeiro na capital Porto Alegre, mas rapidamente se espalhou, sempre pela água, grudado em embarcações menores, ou nadando quando ainda está em forma de larva.
O pequeno molusco bivalvo não é venenoso e traz apenas problemas mecânicos às companhias de abastecimento de água. Ele se prolifera com grande velocidade e igualmente se locomove numa rapidez aproximada de 240 quilômetros ao ano.
Isso acontece com maior facilidade porque aqui o mexilhão está livre de seus predadores naturais. Ele não deve ser consumido pelo ser humano por ser um filtro natural da água e pode reter diversos tipos de bactérias.
Os pontos de captação de água em Porto Alegre e Canoas já vivem um caos, tendo de fazer limpezas periódicas, onde são tiradas toneladas do molusco. No Rio Caí, foi constatada a presença do molusco na área do Terceiro Pólo Petroquímico e Orth alerta que a região está enfrentando apenas o começo deste problema. Na sua opinião, a melhor arma contra o mexilhão é equilibrar novamente a biosfera com a recolocação de peixes, como a Piava, nos rios.
Nesse momento, a grande preocupação da Corsan é evitar que os mexilhões grudem nos canos e comprometam o abastecimento de água do município de Montenegro.
(Jornal Ibiá, 23/03/06)