Guaíba não suporta mais poluição
2006-03-23
Cartão-postal de Porto Alegre e conhecido pelo seu pôr-do-sol, o Guaíba tem suas belezas ofuscadas por um sério problema que se agrava ao longo dos anos. Sem suportar mais carga de poluentes, o próprio Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) chegou a cogitar a possibilidade de buscar novas alternativas de captação no futuro, caso o quadro piore nos próximos anos. Programas governamentais e a ação de entidades na área de educação ambiental tentam reverter a situação.
Um dos principais problemas diz respeito ao lançamento de esgoto nas águas. O saneamento básico foi um dos enfoques principais da primeira etapa do Pró-Guaíba, desenvolvido pelo governo estadual em parceria com os municípios e entidades, como Dmae e Corsan. Entre as ações, a secretária executiva do Pró-Guaíba, Vera Lúcia Callegaro, citou a construção das estações de tratamento na zona Sul e de Cachoeirinha/Gravataí. Segundo ela, houve ampliação do número de ligações de economias à rede de coleta, muito aquém do necessário. Existem mais de 20 pontos de monitoramento no Guaíba. Vera destacou o estudo sobre a modelagem hidrodinâmica, que ajudará, por exemplo, no combate às cianobactérias.
A execução da primeira etapa do Programa Integrado Socioambiental (Pisa), desenvolvido pela prefeitura, está prevista para começar em maio. Nesse estágio, receberão prioridade obras de saneamento básico. O financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) deverá ser contratado em 2007.
O objetivo do Pisa é elevar o índice de capacidade de tratamento de esgoto para 77%. "Hoje é de 27%, mas só 20% são tratados", salientou o diretor-geral do Dmae, Flávio Presser. Conforme ele, as algas na água são os sintomas do agravamento da poluição. O Pisa tratará os sistemas Ponta da Cadeia, Cavalhada e Restinga, que lançam no Guaíba cerca de 55,5% dos esgotos da cidade. Os custos do programa serão de 160 milhões de dólares. A expectativa é que a iniciativa resulte na melhoria da qualidade da água.
(CP, 23/03/06)