GEF dá US$ 1 milhão a projeto para envolver indígenas na CDB
2006-03-22
Um projeto de US$ 1 milhão financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) vai capacitar povos indígenas no conhecimento de temas da biodiversidade e no compartilhamento de informações, de forma a envolver os índios na discussão de questões-chave da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CBD).
Chamada Rede de Povos Indígenas para a Mudança (IPNC, na sigla em inglês), o projeto, lançado ontem durante a 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8), no Expo Trade, em Pinhais (PR), objetiva aproximar povos tradicionais e tecnologias como base eletrônica de dados, geoprocessamento, internet e radiodifusão, para armazenar e difundir informações sobre os ecossistemas locais.
Com apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (Norad) e agência holandesa de cooperação internacional Oxfam Novib, o projeto responde tanto a uma demanda por informação como também a uma crítica freqüentemente feita nas esferas de negociação da CBD, segundo a qual, embora os índios tenham um papel importante na preservação da biodiversidade – tanto pelo cuidado com ecossistemas como pela capacidade de reter e transmitir o conhecimento tradicional –, seus representantes não fazem propostas de ação efetiva, como observou o líder indígena panamenho Teobaldo Hernández Thompson.
Em verdade, a iniciativa põe em prática uma resolução da COP6 (VI/17) que exortava países, bem como os povos indígenas e comunidades locais, a constituírem mecanismos e estratégias de manutenção do conhecimento tradicional. A INPC vai funcionar com pequenos projetos regionais, atendendo a demandas específicas de cada área.
Algumas dessas demandas já foram anunciadas. Na América Central, os povos indígenas contarão com uma programação radiofônica em suas próprias línguas, em que serão difundidas informações ambientais. Na Ásia, a internet, e-mails e comunicação eletrônica por voz serão os meios empregados para a difusão de dados. Na África Oriental, oficinas temáticas já põem os indígenas a par das discussões do CDB e fazem-nos se envolver na preservação da biodiversidade.
Para a implementação de outras iniciativas do INPC serão destinados recursos do fundo de Pequenos Projetos do GEF. O valor máximo financiado será de US$ 150 mil. O gerente de pequenos projetos do GEF, Delfin Ganapin, afirmou que há limitações à aprovação de financiamentos, a principal delas a adequação dos projetos a linhas de prioridades do fundo. Com isso, o gerente quis ressaltar a importância de ações coordenadas que gerem melhores resultados. “Há uma preocupação para que os povos indígenas sejam representados local e globalmente”, afirmou Ganapin, mostrando que a participação indígena nas discussões globais serve para trazer subsídios sobre a situação na “base” da biodiversidade.
Adir Nasser Junior, Assessoria de Imprensa COP8/MOP3