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2006-03-22
Ao lado de ONGs e entidades governamentais, empresas como Natura, Vale do Rio Doce e Petrobras têm, pela primeira vez, participação atuante na 8 Conferência sobre Diversidade Biológica (COP-8). "É uma nova maneira de fazer negócios", disse à Gazeta Fernando Almeida, diretor-executivo do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), cujos associados representam quase 40% do PIB brasileiro.

E um dos principais pontos de garantia para o desenvolvimento sustentável ganha atenção especial hoje (22/03), Dia Internacional da Água. Por iniciativa própria, empresas criam programas efetivos de uso racional. A unidade de motores da Volkswagen, localizada em São Carlos, interior paulista, reduziu em 27,32% o consumo de água nos últimos quatro anos, graças a uma rígida política de gestão ambiental e trabalho contínuo. O consumo caiu de 55.025 metros cúbicos em 2001 para 39.992 metros cúbicos em 2005. "Nós, por enquanto, não pagamos pela água, economizamos por respeito ao meio ambiente", disse Márcio Lima, responsável pelo Sistema de Gerenciamento Ambiental da VW.

Diferentemente das Conferências sobre Diversidades anteriores, dominadas pela agitação das Organizações Não-Governamentais (ONGs) mundiais e do corre-corre das representações governamentais, a COP 8 – a 8 Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, que está sendo realizada pela ONU de 20 a 31 de março, em Curitiba, trouxe também a iniciativa privada ao evento. Ao lado de instituições do movimento ambientalista mundial como o WWF e a TNC, estão Natura, Vale do Rio Doce e Petrobras, empresas que o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) trouxe à Conferência.

"A iniciativa privada nunca entrou no debate antes mas, agora, há empresas que assumem que são parte do problema da perda da biodiversidade e que sem elas também não há uma solução possível. Trata-se de disseminar a idéia de uma nova maneira de fazer negócios ao redor do mundo", disse a este jornal Fernando Almeida, há dois anos diretor-executivo do CEBDS no Brasil. Segundo ele, trata-se também de colocar empresas como interlocutores dos governos e das ONGs nas questões ambientais.

Além de atuar junto à COP-8, as empresas estão patrocinando muitos eventos paralelos para mostrar suas ações sócio-responsáveis com relação ao meio ambiente, porém, segundo Fernando Almeida, ainda falta ganhar muito terreno para que numa próxima COP a iniciativa privada esteja sentada na mesa de abertura da Conferência ao lado de representantes da ONU, governos e ONGs mas a idéia é chegar lá. "Pela primeira vez estamos trazendo empresários e colocando-os nesse ambiente de ONGs. Vamos acostumá-los com a idéia."

O CEBDS reúne associados que, no Brasil, representa quase 40% do PIB: Banco Itaú, Du Pont, Michelin, Pirelli, Petrobras, Organizações Globo, Natura, Vale do Rio Doce, Siemens, Varig, Votorantim, Nestlé, Bradesco, Alcoa e Gerdau, entre outros.

"Nosso engajamento é importante para a obtenção de ações mais eficientes de conservação da biodiversidade, já que tais temas e práticas deixaram de ser responsabilidade exclusiva do governo e devem estar na agenda de toda a sociedade", disse Almeida. O CEBDS foi convidado em 2000, pelo Ministério do Meio Ambiente, para coordenar a consulta ao setor privado sobre a Política Nacional de Biodiversidade. Em paralelo às discussões, vai fazer o lançamento de publicações em português e inglês como "Business and Biodiversity in Brazil: Experience, issues and tools for corporate, engajement in the CBD" (Empresas e Biodiversidade no Brasil: experiências, temas e instrumentos para o engajamento corporativo na CBD) que fala sobre as experiências, desafios, pontos de conflito e dicas para que as empresas se envolvam mais em questões sobre a biodiversidade.
(GM, 22/03/06)

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