Obras de Jacuí I iniciam-se até final de junho
2006-03-22
As obras da usina termelétrica Jacuí I, de Charqueadas, começarão até o final de junho, anunciou nesta segunda-feira (20/3) o secretário estadual de Minas e Energia, Valdir Andres. O impacto do investimento e as primeiras conseqüências da implantação da termo servirão de mostra antecipada dos efeitos que Cachoeira do Sul também receberá a partir da construção da termelétrica do Capané.
Em Charqueadas, o investimento total será de US$ 500 milhões, com a criação de três mil vagas diretas, no canteiro de obras, e outras 600 permanentes, na operação da usina.
A termelétrica de Charqueadas terá 350 megawatts, com geração de energia programada para 1º de janeiro de 2009. Na semana passada, foram assinados os 33 contratos de compra de energia de Jacuí I com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), conforme negócio fechado no leilão de dezembro do ano passado, totalizando 254 megawatts de energia contratada, com R$ 289,2 milhões ao ano de receita fixa para a Eleja SA, que tem 90% do capital controlado pela alemã CCC Machinery e 10% pela Carbonífera Criciúma.
A novidade, conforme Andres, é que a CEEE comprou cerca de 25% da futura energia que será gerada por Jacuí I nos próximos 15 anos, no valor de dois bilhões de dólares, reajustado mensalmente com base no IPCA. A empresa pretende participar do segundo leilão, dia 12 de junho, para comercializar o restante da energia que será produzida pela usina.
O carvão que abastecerá Jacuí I virá da mina Leão 2, de Minas do Leão, o que irá gerar mais de mil empregos temporários, além de 600 a 800 postos de trabalho permanentes. O investimento no local ficará ao redor de US$ 20 milhões. Hoje, Minas do Leão arrecada cerca de R$ 550 mil mensais. A folha de pagamento da Prefeitura ocupa 41% deste montante. Com a instalação de Jacuí I, o prefeito estima um acréscimo de R$ 300 mil a R$ 400 mil na arrecadação municipal. A região do Baixo Jacuí ainda receberá, só de Jacuí I, cerca de R$ 4 milhões de investimentos como compensação ambiental.
O presidente da Eleja, Júlio Magalhães, informou que 31 engenheiros alemães e norte-americanos, da Voith Siemens, que estão em Charqueadas há um mês e meio, finalizam um inventário sobre o projeto. A coordenação da equipe de engenheiros é feita pelo responsável pela construção da usina Angra 2.
O resultado, com o cronograma de obras, será apresentado dia 14 de abril. De acordo com avaliação preliminar, quase 100% dos equipamentos adquiridos há mais de 15 anos estão aptos para serem utilizados. “A manutenção realizada pela empresa REC foi perfeita. A turbina, que é o coração da usina, está em perfeito estado”, revelou. O projeto Jacuí já teve em torno de US$ 200 milhões aplicados em equipamentos.
Os subprodutos da termelétrica, como argila e cinza, podem ser aproveitados no fomento de um pólo cerâmico na metade sul, uma das regiões mais deprimidas do estado, uma vez que outras termelétricas (Candiota 3 e Capané, em Cachoeira do Sul) estão também se tornando realidade. Uma empresa alemã de gesso cartonado está em adiantadas negociações para se instalar na região do Baixo Jacuí.
(Jornal do Povo, 22/03/06)