Menos de 10% das florestas permanecem intactas, diz Greenpeace
2006-03-22
Um estudo divulgado pelo Greenpeace revelou que menos de 10% da superfície
terrestre permanece como florestas primárias e identifica áreas de oceanos com
necessidade urgente de proteção. A análise, que foi lançada durante a Convenção
sobre Diversidade Biológica (CDB) que acontece em Curitiba, no Paraná, conta com
relatórios e mapas identificando as últimas áreas intactas de florestas e
oceanos do planeta.
Usando imagens de satélites recentes e de alta resolução de paisagens com áreas
intactas de florestas em todo o mundo, os mapas expõem o peso das atividades
humanas - como o desmatamento provocado pela agropecuária de larga escala e a
exploração predatória de madeira - sobre as últimas florestas do planeta. As
imagens mostram que 82 dos 142 países que possuem florestas já perderam toda a
cobertura original. A metodologia utilizada apenas mostra áreas intactas maiores
que 500 quilômetros quadrados. As muitas áreas menores de floresta com alto grau
de conservação e com necessidade de proteção não estão mapeadas.
Os mapas de oceanos, desenvolvidos por especialistas da Universidade de York,
no Reino Unido, liderado pelo professor Callum Roberts, identificam áreas
marinhas que necessitam de imediata proteção contra a sobrepesca, a pesca
predatória, atividades de mineração e poluição. Através de modelos
computacionais que combinaram dados científicos com recomendações de mais de 60
biólogos marinhos, o professor Roberts estabeleceu uma rede global de áreas
destinadas à criação de reservas marinhas que cobrem 40% das águas profundas dos
oceanos. Foi dada atenção especial a hábitats de águas profundas, altamente
sensíveis à destruição pela pesca de arrasto.
“Este estudo deixa claro que o estabelecimento de uma rede global de áreas
protegidas de florestas e oceanos é urgente, necessário e possível. E pode ser
alcançado agora. Caso contrário, em 20 anos, a falta de ação de governos pode
resultar na perda de grande parte da biodiversidade para sempre”, disse
Christoph Thies, da campanha de Florestas do Greenpeace Internacional.
O lançamento dos mapas é parte da campanha do Greenpeace para expor a crescente
perda de biodiversidade no planeta devido à destruição das florestas e oceanos.
(Estadão, 21/03/06)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/mar/21/191.htm