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2006-03-22
Especialistas de mais de cem países iniciaram na quinta-feira (16/03) no México o IV Fórum Mundial da Água, onde discutirão como tornar mais eficiente a gestão de um recurso ao qual 1,1 bilhão de pessoas - 15% da população mundial - não têm acesso. No ato inaugural, o presidente do México, Vicente Fox, pediu aos participantes da reunião que reformulem suas políticas locais e internacionais para garantir essa riqueza vital para as próximas gerações, já que seu uso foi triplicado no mundo desde 1950.

Acompanhado pelo príncipe Naruhito (Japão), pelo príncipe Willem-Alexander (Holanda) e pelo primeiro-ministro Driss Jettou (Marrocos), representantes dos três fóruns anteriores, Fox disse que a humanidade ainda está em tempo de lembrar que "o que se faz com a água é feito a todos". Em discurso feito no Centro Banamex, sede do encontro, Fox considerou imprescindível fortalecer a consciência dos cidadãos em relação à água e que esta seja considerada como um bem da humanidade, sendo tratada como mais um direito básico.

Por sua vez, o príncipe da Holanda, Willem-Alexander, fez um apelo urgente para que se evite conflitos relacionado à água, sobretudo na busca de medidas para prevenir futuras crises relacionadas a este recurso, muito ligado à agricultura e à energia. "Neste momento, não precisamos de novas políticas, mas sim de ações rápidas", declarou o príncipe holandês em um discurso onde chamou a atenção sobre um assunto que é de plena atualidade, pois hoje só um 1% da água da Terra pode ser utilizada para uso e consumo humano.

Alexander lembrou que, se a humanidade pôde viver séculos sem um recurso que hoje em dia é tão necessário como o petróleo, não sobreviveria por mais que alguns dias se a água acabasse, não estivesse disponível ou fosse contaminada. "A mensagem que enviamos ao mundo é que necessitamos de ações locais", sustentou o príncipe holandês, que apresentou dados alarmantes. Segundo Willem-Alexander, até 2025 a demanda por água aumentará em 85%, enquanto sua disponibilidade só crescerá 7%.

Nesse ano, cerca de três bilhões de pessoas viverão em países em conflito por falta de água, segundo dados das agências das Nações Unidas relacionadas aos recursos hídricos. Naruhito, herdeiro do trono japonês, advertiu que é da maior urgência que se tomem medidas para resolver as catástrofes relacionadas à água.Entre elas, citou o tsunami, que em dezembro de 2004 atingiu vários países do Sudeste Asiático e dizimou 260 mil pessoas em poucas horas, ou os furacões que no ano passado devastaram o Caribe mexicano, o sul dos Estados Unidos e a América Central, deixando milhares de mortos e milhões de pessoas sem casa.

O ministro do Meio Ambiente do México, José Luis Luege, lembrou aos presentes o paradoxo que vive o mundo atual: enquanto 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável, a indústria da água engarrafada já movimenta US$ 22 bilhões por ano. Além do ato de abertura oficial, foi inaugurada hoje a Feira da Água, um evento sem fins comerciais onde os diferentes Governos, ONGs e instituições apresentam seus programas e iniciativas sobre a água.

Também foi aberta ao público a Expo Mundial de Água que, integrada por mais de 250 empresas e instituições, oferece aos visitantes opções tecnológicas sobre a gestão dos recursos hídricos. O IV Fórum Mundial da Água será encerrado em 22 de março com a adoção de uma declaração ministerial onde se espera a assinatura dos ministros dos 122 Estados participantes do IV Fórum.
(EFE, 16/03/06)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2006/03/16/ult1766u15276.jhtm

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