As moscas, além de exercerem papel de destaque em ecossistemas silvestres ou alterados pelo homem, ocupam ampla diversidade de nichos ecológicos. A variedade dos hábitos alimentares das moscas adultas permite que elas vivam perto do homem e de seus animais domésticos, em áreas preservadas, ou ainda em outros ambientes silvestres, rurais e urbanos. Algumas espécies transmitem transmitem doenças provocadas por bactérias, fungos protozoários e vermes. As moscas podem ser herbívoras, detritívoras, predadoras e parasitas de animais e plantas. Uma mesma espécie é capaz de consumir diferentes tipos de alimentos em hábitats variados. O néctar e o pólen das flores, portanto, servem como alimento para adultos de numerosas espécies desses insetos. Ao contrário do que ocorre com as abelhas, as moscas só usam o néctar e/ou o pólen para o seu próprio consumo, já que as larvas de muitas espécies podem se alimentar de outros tipos de substratos. As flores visitadas pelas plantas têm anteras (órgãos que produzem pólen) e os estigmas (órgãos que recebem o pólen) expostos, pétalas e sépalas com cores claras e odores perceptíveis. Nessas flores, o néctar e o pólen são em geral abundantes e facilmente acessíveis, mesmo para espécies com aparelho bucal curto. Já algumas espécies de plantas com flores tubulares (estreitas e profundas) recebem visitas apenas de espécies de moscas com probóscide mais longa. O cheiro e a cor das flores atraem diversos tipos de moscas, como observado na Estação Ecológica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. Há também plantas polinizadas por moscas que imitam a cor ou o cheiro da matéria orgânica em decomposição, fezes ou cadáveres. A freqüência de visitas das moscas pode variar durante as estações do ano, em resposta à disponibilidade de flores, mas são mais abundantes em períodos quentes e úmidos. A importância das flores para a alimentação das moscas é revelada pelo número de espécies e indivíduos que as visitam. O levantamento realizado na Estação Ecológica da UFMG, situada em área urbana, registrou 40 espécies de moscas visitando 16 famílias de plantas. Existam em regiões tropicais cerca de 42 famílias de dípteros polinizadores, e 30 delas (71%) são de moscas. (Ciência Hoje/30)