Escassez reforça campanha contra desperdício
2006-03-22
No Dia Mundial da Água, comemorado hoje, cerca de 194 mil gaúchos enfrentam dificuldades para realizar atividades simples como cozinhar, tomar banho, limpar a casa e lavar a roupa. Eles vivem nos seis municípios (Bagé, Candiota, Itacurubi, Canguçu, Trindade do Sul e Esperança do Sul) que adotaram o racionamento em função da falta de chuvas.
A estiagem afeta, atualmente, 40 localidades que decretaram situação de emergência desde dezembro do ano passado. A realidade reforça a necessidade do debate sobre o uso irracional da água e suas implicações na vida das comunidades e na opinião de pesquisadores e estudiosos ligados ao tema.
Para a ambientalista e membro do conselho diretor do Núcleo Amigos da Terra Brasil, Kathia Vasconcellos Monteiro, há necessidade de se discutir as situações contraditórias envolvendo os recursos hídricos. "Em uma realidade onde muitos não têm acesso à água, há pessoas que ainda lavam as calçadas com mangueira", observou. Kathia defende que se deve repensar questões como as fontes de energia e questionar se elas precisam ser hídricas. "Candiota tem uma hidrelétrica que consome mais do que seus habitantes, que atualmente estão passando por racionamento", destacou. Disse ainda que os comitês das bacias hidrográficas precisam ser fortalecidos e que os governos devem definir políticas públicas que estejam voltadas ao uso racional a curto, médio e longo prazos.
A professora de Tratamento de Água do curso de Engenharia Civil da Ufrgs Carmem Maria de Barros de Castro salientou que, além de preservar a água no aspecto qualitativo, é preciso também voltar a atenção para a quantidade de consumo. Ela avaliou que o trabalho de educação ambiental voltado às crianças e aos jovens tem obtido bons resultados, mas ainda com poucos reflexos na prática.
(CP, 22/03/06)