Rio Grande do Sul terá zoneamento sobre florestamento
silvicultura
zoneamento silvicultura
2006-03-21
Em 120 dias, o Estado deve contar com o zoneamento geográfico delimitando as
áreas próprias para o plantio de eucalipto, acácia e pinus. O estudo visa a
mapear as zonas onde o florestamento de árvores exóticas poderá ser feito com o
mínimo possível de impacto ambiental e nos recursos hídricos, levando em conta
ainda os pontos de importância turística, histórica e arqueológica. Também
estarão listados os espaços ocupados por indígenas e remanescentes de quilombos,
e as espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção na flora e fauna gaúchas.
O estudo vem sendo realizado por órgãos estaduais desde 2004. Há cerca de um mês,
a Associação Gaúcha de Empresas de Florestamento (Ageflor) assinou um convênio
de apoio ao projeto com a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Fepam). O acordo é
criticado por ambientalistas, que acreditam na interferência da iniciativa
privada num estudo que deveria ser exclusivamente técnico.
O engenheiro agrônomo Fábio Rosa, consultor da Ageflor, descarta influência das
empresas. “Uma consultoria independente, escolhida pela Fepam, será responsável
por analisar o estudo e desenvolver tópicos a serem debatidos em oficinas de
validação”, afirmou. Após a conclusão, o zoneamento será encaminhado ao Conselho
Estadual de Meio Ambiente (Consema) para ratificação ou questionamento. “O
Estado está sendo pioneiro nessa área”, acrescenta Rosa, diretor do Instituto
para o Desenvolvimento das Energias Alternativas e da Auto Sustentabilidade
(Ideaas).
Clarice Glufke, engenheira florestal do Serviço Agrossilvipastoril (Seasp) da
Fepam, informou que mais da metade do zoneamento está pronto. “Com o convênio,
vamos concluir os 40% que faltam, estabelecendo as diretrizes, restrições e
potencialidades das zonas”, explicou.
Ambientalistas criticam convênio com empresas
A ONG ambientalista Amigos da Terra não concorda com o apoio da iniciativa
privada ao estudo. "Como o governo diz que tem interesse em fazer e não dá suporte,
precisando do apoio da Ageflor, que é a maior interessada", criticou a engenheira
agrônoma Luciana Picoli.
Segundo ela, em 2003 constatou-se que 26 espécies da fauna gaúcha estão sendo
ameaçadas de extinção por causa do cultivo de árvores exóticas, sendo 18 tipos
de pássaros. "Hoje já deve ser mais", disse. A monocultura de eucaliptos, em
especial, foi alvo de protesto de agricultores da Via Campesina, que descambou
para o vandalismo, com a depredação do horto florestal da Aracruz Celulose, em
Barra do Ribeiro, no dia 8 de março.
(JC, 21/03/06)