Ministério Público afirma que falta política para a água
2006-03-21
Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Água, amanhã, a proteção desse
importante bem natural foi tema central de seminário ontem (21/03) no Ministério
Público Estadual. O encontro analisou a atuação de vários órgãos e entidades no
que se refere à tutela das águas superficiais e subterrâneas. Na avaliação do
coordenador da Promotoria Estadual de Proteção dos Recursos Hídricos do MP,
promotor de Justiça Alexandre Saltz, a falta de políticas públicas é o principal
problema que cerca a questão.
"Hoje, não há implementação plena dos comitês de bacias hidrográficas nem
melhorias no saneamento básico", observou. O MP desenvolve dois projetos,
voltados ao reflorestamento da mata ciliar - que tem a função de proteção - e ao
acompanhamento do uso das águas subterrâneas, sobretudo a fiscalização da
perfuração de poços artesianos. "Trata-se de um bem fundamental e tem que
receber uma proteção especial", frisou o promotor.
Para Saltz, a legislação vem sendo desrespeitada e poços artesianos são
perfurados mesmo onde há rede pública de abastecimento, o que é irregular. Ele
alertou que "todo poço perfurado é uma fonte potencial de contaminação do lençol
freático e, por isso, deve haver critérios para a perfuração". Já a preservação
da mata ciliar vem sendo discutida com o poder público e os proprietários
particulares. A plantação é incentivada porque pode servir como corredor
ecológico, barreira contra o assoreamento e proteção do curso da água.
Na abertura do evento, o procurador-geral de Justiça em exercício, Mauro Renner,
frisou que o momento é de "reflexão e nivelamento de informações". Ele destacou
a importância da água para a humanidade como "bem de valor inestimável" e os
instrumentos disponíveis à proteção desse patrimônio. O evento contou com a
participação de representantes do Estado, como a Secretaria Estadual de Obras
Públicas e Saneamento, do Tribunal de Contas do Estado, do Departamento de
Recursos Hídricos e da Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente, além da
Famurs.
(CP, 21/03/06)