(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-03-21
No momento em que o Brasil se prepara para ser sede do maior evento sobre biodiversidade do planeta, pesquisadores e educadores de todo o País estão empenhados em fazer com que a Amazônia seja reconhecida como mais do que um aglomerado de fauna e flora. Em uma carta enviada a seis ministérios no início do mês, o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ennio Candotti, faz um apelo pelo fortalecimento das bases de ciência e tecnologia na região, como forma de alavancar o desenvolvimento econômico e garantir a sustentabilidade ambiental.

Hoje, cerca de 70% do conhecimento científico sobre a Amazônia é produzido fora do Brasil, por pesquisadores de outros países. E daquilo que é produzido no Brasil, 60% vem de instituições localizadas fora da Amazônia, segundo dados de Adalberto Luís Val, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Faltam cientistas, faltam laboratórios, faltam universidades. Logo, falta conhecimento. E sem conhecimento, dizem os especialistas, não há floresta ou indústria que se sustente.

A proposta central da carta é a criação de uma agenda de integração da Amazônia por meio da ciência e tecnologia (C&T), enfocando não só a conservação da floresta, mas o crescimento econômico e a qualidade de vida dos 20 milhões de habitantes. A reivindicação não é nova, mas encaixa-se perfeitamente no espírito da 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 8), que começa amanhã em Curitiba, com a participação de 188 países.

Segundo os cientistas, além da óbvia necessidade de pesquisar e proteger a biodiversidade, é preciso dar suporte tecnológico a outras prioridades da região, como transporte, telecomunicações, engenharia naval, meteorologia, informática, saneamento, mineração, saúde pública, arqueologia e lingüística.

"Nesse sentido, considera-se limitada e parcial a pauta ambiental de exploração sustentável hoje dominante no governo", diz a carta da SBPC.

"A Amazônia representa uma agenda de C&T muito mais complexa do que o normal", disse ao Estado o vice-presidente da entidade e pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Celso Pinto de Melo. "Não dá para pensar apenas em biodiversidade e meio ambiente. A Amazônia é muito mais do que isso."

RECURSOS HUMANOS
Diante das riquezas biológicas, minerais e culturais da Amazônia, cientistas, médicos e engenheiros ainda são espécie rara na região. Apesar de ocupar quase 60% do território nacional, ela conta com apenas 75 dos 2.800 cursos de mestrado e doutorado, e emprega 1.200 dos 50 mil doutores atuantes no País.

A situação, segundo os especialistas, exige a ampliação dos programas de pós-graduação (incluindo a criação de universidades e institutos de pesquisa) e dos incentivos para fixação de cientistas na região (com melhores salários e criação de pesquisas integradas). "A região tem de formar seus próprios profissionais", diz o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Pará, Roberto Dall´Agnol.

A maior parte das pesquisas sobre a Amazônia, hoje, é feita por pesquisadores do Sudeste e outras regiões. "O monitoramento do meio ambiente, por exemplo, é feito pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em São José dos Campos), que está a milhares de quilômetros da Amazônia. E todo mundo acha isso normal", afirma Melo, da UFPE. "Imagine se alguém dissesse que o monitoramento da Bacia do Tietê é feito na Amazônia. Seria uma aberração."

Segundo Melo, não há hoje conhecimento científico e tecnológico suficiente na Amazônia para apoiar atividades econômicas e sociais, como a navegação, a mineração, o monitoramento ambiental, a biotecnologia, a indústria de cosméticos e de alimentos.

Até setores já estabelecidos, como a Zona Franca de Manaus, sofrem com a falta de gente qualificada. "Há algumas iniciativas, mas não temos uma cadeia de conhecimento atrelada à cadeia produtiva", diz a diretora do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ima Célia Guimarães Vieira.

"Não adianta dizer para não derrubar a floresta se você não dá alternativas econômicas para as pessoas sobreviverem", diz Val, do Inpa.

RECURSOS
Para financiar essas iniciativas, a SBPC propõe descontigenciar parte dos R$ 3,5 bilhões retidos dos fundos setoriais do Ministério da Ciência e Tecnologia. "Estima-se que repasses mensais de R$ 20 milhões (R$ 2 bilhões em dez anos) investidos nesse programa influenciariam profundamente o quadro do desenvolvimento científico e tecnológico da região", diz a carta.
(O Estado de S. Paulo, 19/03/06)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -