Estudo da Rede WWF indica que proteger espécies ajuda a reduzir a pobreza
2006-03-21
Os esforços para salvar a arara-azul, pandas, gorilas, tigres e outros animais em extinção não se limitam apenas à conservação de espécies para geração futuras. Um novo estudo realizado pela Rede WWF comprova o impacto dessas iniciativas na redução da pobreza e na melhoria da vida das comunidades afetadas pelos projetos. Amanda Nickson, do programa global de espécies da Rede WWF (que conduziu o estudo), participa em Curitiba da COP8 da CDB.
A pesquisa, que traz estudos de casos de Nepal, Uganda, Índia, Namíbia, Costa Rica e China, demonstra que o trabalho de conservação de espécies contribui para a erradicação da pobreza e da fome, assim como estimula o desenvolvimento sustentável e justo em áreas rurais desses países.
Os resultados indicam que a conservação e o gerenciamento sustentável de espécies em extinção e seus habitats têm com conseqüência direta uma maior proteção de florestas, rios e áreas marinhas. Com isso, as populações que dependem diretamente de tais recursos têm mais acesso às riquezas que a natureza lhes oferece. Isso não apenas aumenta a renda, mas melhora a saúde e afeta positivamente questões como educação e direitos das mulheres.
De acordo com o estudo, alguns projetos de ecoturismo baseados na observação de espécies selvagens, por exemplo, podem gerar um importante desenvolvimento econômico local. Além disso, o conhecimento sobre hábitos e movimentação de animais em determinada área estimula um planejamento sustentável e um melhor aproveitamento do uso da terra.
"Muitas vezes, as questões que ameaçam as espécies são as mesmas que contribuem para a pobreza, a perda de habitats e de recursos naturais", diz Susan Lieberman, diretora do projeto global de conservação de espécies da Rede WWF. "Esta pesquisa prova que quando os animais ameaçados são salvos, as pessoas tambés se beneficiam".
Com a abertura em Curitiba (PR) da Oitava Conferência das Partes (COP8) da Convenção da Biodiversidade (CBD) nesta segunda-feira, dia 20/3, a Rede WWF acredita que os governos participantes devem integrar os esforços de conservação de espécies às estratégias de desenvolvimento social.
"Parece ilógico que bilhões de dólares sejam gastos para reduzir a pobreza e promover o desenvolvimento econômico sustentável sem que seja considerada a relação entre a melhoria de qualidade de vida, o meio ambiente saudável e a conservação de espécies", concluii. "Agora é a hora de fazermos essa conexão e de agirmos para concretizá-la".
(Envolverde, 20/03/06)