Estudo mostra relação entre dois tipos do vírus H5N1
2006-03-21
As amostras de dois tipos do vírus H5N1 que causaram a gripe aviária em seres humanos no sudeste asiático revelam que estão relacionados, mas que pertencem a subgrupos genéticos diferentes, revelou um estudo divulgado no domingo (19/03). A investigação, realizada por cientistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, foi apresentada no domingo durante a Conferência Internacional sobre Doenças Infecciosas Emergentes, que está sendo realizada em Atlanta.
"Ao continuar sua expansão geográfica, o vírus também sofre uma expansão de sua diversidade genética", manifestou Rebecca Garten, que participou do estudo. "Em 2003 tínhamos só um tipo geneticamente demarcado com potencial de causar uma pandemia. Agora temos dois", completou a pesquisadora. A conferência é realizada em um momento em que o vírus se estende pelo mundo, após ter surgido há dois anos em países asiáticos.
Os cientistas do CDC fizeram uma análise de afinidade genética em mais de 300 amostras do vírus H5N1 tiradas de pessoas e aves de 2003 até metade do ano passado. Nessa tarefa foram feitas relações entre a estrutura genética dos vírus para compará-la com suas características físicas, incluindo as proteínas superficiais. Segundo os cientistas, nem todos os vírus H5N1 são geneticamente iguais, e durante os anos a descoberta de diferentes grupos genéticos chamados de "genótipos" foi intensificada.
A maioria dos vírus, incluindo os que provocaram todos os casos humanos, pertencia ao genótipo Z. Havia também um pequeno número de vírus isolados de povoações avícolas que eram do genótipo V e W, e o recentemente identificado genótipo G. As semelhanças entre os dois tipos humanos do vírus terminam aí, de acordo com os cientistas.
Segundo Garten, isto significa que o grupo de vírus H5N1 que pode causar a gripe aviária em seres humanos está se tornando cada vez mais diversificado geneticamente, o que dificulta seu estudo e ressalta a necessidade de aumentar a vigilância.
"A única constante é a mudança. Só o tempo dirá se o vírus poderá evoluir ou sofrer uma mutação para que possa ser transmitido de uma pessoa para outra de maneira eficiente", manifestou Garten.
Embora o contágio seja raro, uma pessoa pode contrair o vírus ao manter contato com aves infectadas. As autoridades sanitárias de todo o mundo temem que o vírus sofra uma mutação, o que permitiria sua propagação entre seres humanos.
Segundo números da Organização Mundial da Saúde (OMS), o vírus já causou a morte de 98 pessoas.
(EFE, 19/03/06)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/mar/19/118.htm