Carbono no solo também pode aquecer o planeta
2006-03-21
O mundo possui mais carbono armazenado no solo do que presente na atmosfera. Em um processo chamado “positive feedback”, o aquecimento global pode estimula a decomposição de matéria orgânica no solo – o que libera dióxido de carbono no ar, que consequentemente vai intensificar o aquecimento global.No entanto, há divergências quanto aos efeitos das mudanças climáticas sobre os estoques de carbono no solo. Eric Davidson, cientista sênior do Woods Hole Research Center escreveu um artigo que elucida questões referentes à sensibilidade da temperatura de decomposição dentro de uma estrutura que ajuda a focalizar a pesquisa e o debate subseqüente. Com a co-autoria de Ivan Janssens, da Universidade de Antwerpen (Bélgica), o estudo será publicado na próxima edição da revista Nature.
De acordo com Davidson, o interesse nesse assunto é grande pela importância no ciclo do carbono e a potencial realimentação das mudanças climáticas. “O Ártico, em particular, está apresentando um aquecimento muito rápido, causando derretimento das geleiras”. Ele explica que nós precisamos entender o quanto do carbono que está estocado no solo, nas geleiras e nas áreas de turfas pode ser perdido com o aquecimento no mundo. Quando você desliga a geleira, percebe que os alimentos estragam mais rápido com o calor. No entanto, como o solo é formado por uma complexa mistura de minerais e matéria orgânica, cientistas e ecologistas tiveram dificuldade para determinar as condições e os tipos de matérias orgânicas que respondem de forma significativa às mudanças climáticas.
O artigo de Davidson e Janssens descreve que tanto complexidade química das moléculas de carbono quanto as condições do solo onde elas são encontradas determinam os índices de decomposição. Como a maior parte da pesquisa de Davidson e Janssens foi realizada em florestas e fazendas em regiões temperadas, eles concluem que o estudo da sensibilidade da temperatura de decomposição deveria ser expandido para incluir geleiras, áreas alagadiças e secas nas regiões sul e no Ártico – onde grandes quantidade de carbono do solo estão sujeitas a modificar o clima rapidamente, diz Davidson.
“Nós sabemos que a decomposição da matéria orgânica responde à temperatura, mas precisamos estabelecer uma estrutura conceitual comum para demonstrar ‘o que, onde e com qual velocidade’ o carbono do solo se decompõe”. “Esperamos que nosso artigo ajude a entender essas questões e estimule mais pesquisas onde se necessita com mais urgência – o potencial tempo de decomposição do carbono em áreas de turfa e regiões permanentemente congeladas”, completa. A pesquisa foi financiada pelo Departamento de Energia, Fundação Nacional de Ciência e pela Nasa.
(CarbonoBrasil, 21/03/06)
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