Lançado programa de conservação da biodiversidade em locais sagrados
2006-03-20
A realização da 8ª Reunião dos Países membros da Convenção sobre Biodiversidade (COP8) motivou uma iniciativa internacional para conservar antigos locais sagrados baseada na crença de que tais pontos culturais espalhados pelo Planeta podem ser o eixo de uma política de recuperação da diversidade biológica mundial. O projeto Conservação da Riqueza em Biodiversidade de Áreas Ambientais Sagradas será divulgado na COP8, que vai de 20 a 31 de março, em Curitiba.
Especialistas indicaram diversos locais para receber projetos-piloto. Entre eles estão o Deserto de Chihuahuan, no México, que civilizações antigas acreditavam ser a origem do sol, e uma rede de cavernas que contêm esqueletos antigos nas florestas Kakamega, no Quênia, veneradas pelos povos Taita e Luhya.
Também estão na mira da campanha o Monte Ausangate, nos arredores da montanha Vilcanota, no Peru; a área para rituais em Puntayachi cercada pela rica biodiversidade da região de Cayanpi; no Equador, um arquipélago tem praias e mangues utilizados exclusivamente para rituais; e as florestas do distrito de Kogadu, na Índia, que possuem raízes nas tradições artísticas e culturais da região.
O projeto é apoiado pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e grupos de populações indígenas, como a fundação criada na Guatemala pela ganhadora do prêmio Nobel da Paz, Rigoberta Menchu. Também já está assegurada uma contribuição do Global Environment Facility, um fundo mantido por países ricos e institutições multilaterais. Já foram arrecadados U$ 1.7 milhões necessários para o início das ações junto a organizações de conservação, agências da ONU além de governos como o do México.
“Há evidências claras e cada vez maiores de uma ligação entre diversidade cultural e biodiversidade, entre a reverência à terra e uma localização, uma região que geralmente possui plantas e animais únicos”, disse Klaus Toepfer, diretor executivo do PNUMA.Segundo ele, os locais sagrados também estão sob ameaça e ajudar populações indígenas, tradicionais e locais a salvaguardar suas heranças pode auxiliar na conservação da diversidade biológica e genética desses povos.
Em 2002, na Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em Johanesburgo, África do Sul, os governos participantes se comprometeram em reverter a taxa de perda de biodiversidade até 2010. Para mais informações e fotos sobre os locais-piloto, acesse www.unep.org
Jaime Gesisky, Assessoria de Imprensa COP8/MOP3