Lei não permite existência de "desertos verdes", diz pesquisador
2006-03-20
As grandes plantações de eucalipto, denominadas popularmente de "desertos verdes", estariam inviabilizadas pela própria legislação brasileira. O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Florestas, Sérgio Ahrens, lembra que o licenciamento ambiental é hoje uma exigência cumprida pelas empresas de grande porte, maioria no mercado de plantação de eucalipto.
O documento deve conter os impactos de natureza econômica, social e ambiental. Segundo Ahrens, as empresas florestais também estão praticando a responsabilidade social corporativa. "Além de plantarem terras próprias, elas estabelecem parcerias, promovendo o fomento florestal junto às pequenas e médias propriedades rurais", afirma o pesquisador.
Para ele, a nova legislação também impediu o corte de vegetação nativa para substituição de florestas plantadas com espécies exóticas. "Esse novo plantio é estabelecido principalmente em áreas abandonadas pela agricultura, em especial áreas com o solo degradado. É aí que o plantio de eucaliptos tem um papel muito importante na recuperação dessas áreas", explica Ahrens.
O pesquisador refuta a afirmação de alguns movimentos sociais de que o eucalipto destrói o solo, retira nutrientes da terra e consomem excessivamente água. Segundo ele, o plantio de eucaliptos, ao contrário, promove a recuperação de solos degradados.
"Eles são uma cobertura com massa verde e material em decomposição na superfície do solo que o protege do impacto direto de águas das chuvas e de raios solares e dessa maneira com muita freqüência verifica-se a recuperação dos solos", afirma.
O eucalipto é uma espécie florestal exótica nativa principalmente da Austrália. Os principais produtos extraídos das árvores de eucalipto são a celulose, matéria-prima do papel, e a madeira. De acordo com dados da Embrapa Florestas, as plantações de eucalipto ocupam cerca de quatro milhões de hectares em todo o território nacional, menos de 0,5% do total de área com florestas.
(Agência Brasil, 18/03/06)