Rio Grande do Sul ganha maior dique seco do país
2006-03-20
Dentro de 90 dias, no máximo, começa no porto de Rio Grande a obra de construção do maior dique seco do Brasil. Com uma proposta de R$ 196,1 milhões, a empresa Estaleiro Rio Grande, controlada pela WTorre Engenharia (SP), venceu a licitação privada da Rio Bravo Investimentos - contratada pela Petrobras -, disputada também pelas construtoras Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Norberto Odebrecht, OAS e o Consórcio Mar do Sul (Construtora Queiroz Galvão e Estaleiro Aker Promar).
As propostas foram abertas no dia 17 de março. O dique terá 150 metros de frente, 130 metros de profundidade e pátio de 120 metros, com ligação para o canal do porto de Rio Grande. Será área de construção de plataformas oceânicas de exploração de petróleo e gás e de grandes navios, hoje feitos exclusivamente no exterior.
"Vai começar um novo ciclo industrial no Rio Grande do Sul, especialmente na Metade Sul do Estado: o ressurgimento da indústria naval", afirmou ontem o presidente da WTorre, Walter Torre Júnior. A obra do dique levará 14 meses e empregará, temporariamente, na primeira fase, 1,2 mil pessoas, calcula Torre.
A área do Estaleiro Rio Grande no porto é de 50 hectares. Cerca de um terço serão reservados para o dique seco. Do investimento de R$ 191,6 milhões, 15% serão capital próprio da WTorre. Os 85% serão integralizados pelo sistema de securitização de certificados recebíveis imobiliários (CRI).
A Rio Bravo administrará um Fundo de Investimento Imobiliário, que terá posse da infra-estrutura.
Objetivamente, a WTorre integralizará os 85% com os pagamentos da Petrobras pela locação do dique seco, cujo contrato é por 10 anos. Empresa de terceirização de ativos, a WTorre em São José dos Pinhais (PR) construiu o condomínio das indústrias sistemistas da montadora Audi. Fará o mesmo em Rio Grande: o dique seco e a infra-estrutura dos fabricantes de componentes da indústria naval que deverá ser criada, adianta o diretor de Operações da WTorre, Francisco Caçador.
Segundo ele, como a licitação é privada, não deverá haver contestação do resultado da concorrência. A empresa pretende reunir no futuro condomínio a ser construído, as indústrias navais do novo pólo. "Vamos priorizar empresas e empregos do RS e disputar contratos internacionais", diz.
(CP, 18/03/06)