G8 prevê dependência do petróleo "por décadas"
2006-03-17
O sistema energético mundial continuará dependendo do petróleo e do gás durante
pelo menos a primeira metade do século XXI, segundo declararam ontem (17/03) os
ministros de Energia do Grupo dos Oito países mais industrializados do mundo
(G8). Em um comunicado divulgado ao término de uma reunião em Moscou, os
ministros destacaram que, "apesar da ativa incorporação de novas fontes de
energia", o combustível fóssil não será substituído como base do sistema
energético mundial durante as próximas décadas.
Em sua reunião de ontem, os titulares de Energia discutiram os problemas
relativos à segurança energética global, um dos temas que os líderes dos países
do G8 abordarão na cúpula que será realizada em julho em São Petersburgo, Rússia
- país que neste ano preside o G8.
O ministro da Energia da Rússia, Victor Jristenko, destacou que a dependência de
fatores extra-econômicos exercem uma "influência negativa na conjuntura mundial".
Na opinião do diretor do Departamento de Investigação da Organização de Países
Produtores de Petróleo (Opep), o kuwaitiano Adnan Shihab-Eldin, "nos próximos
anos o preço do petróleo se estabilizará nos níveis de US$ 50 a US$ 60 por
barril". Shihab-Eldin, que assistiu à reunião como convidado, disse que "não
haverá mais um aumento do preço do petróleo como o ocorrido nos últimos tempos".
O documento aprovado pelos ministros de Energia do G8 destaca que "um
abastecimento confiável de energia é decisivo para o desenvolvimento da economia
mundial", pois "o bem-estar, o modo e a qualidade de vida das pessoas dependem
diretamente do acesso à energia". Concordaram que, para enfrentar os desafios
da segurança energética, é necessário empregar mecanismos de mercado para
aumentar o volume das reservas e conter as pressões da demanda de combustível.
Os ministros ressaltaram a importância do "diálogo entre os países exportadores
e os países consumidores, com intercâmbio de informação sobre o estado atual e
os planos de desenvolvimento de seus respectivos setores energéticos". Também
expressaram seu apoio às iniciativas internacionais como a do intercâmbio de
dados sobre o petróleo, que buscam dar maior acesso e transparência aos dados
sobre reservas, demanda, oferta e capacidades produtivas.
"Temos que admitir que, para garantir um futuro estável ao sistema energético
mundial, é necessário fazer consideráveis investimentos de capitais nos campos
de extração, de transporte e de refino dos recursos energéticos", acrescenta o
comunicado.
(EFE, 17/03/06)