Um dos principais gases causadores do efeito estufa, o dióxido de carbono (CO2), está se acumulando na atmosfera da Terra com uma velocidade nunca vista anteriormente - é o que indica um relatório publicado esta semana pela NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration , do governo americano. A descoberta tem renovado a preocupação sobre a possível diminuição da habilidade da natureza de absorver o gás – que, acredita-se, é responsável pelo aquecimento global.

De acordo com NOAA, a média atmosférica de concentração de dióxido de carbono em 2005 alcançou 381 partes por milhão (ppm) – um aumento de 2.6 ppm desde 2004. O crescimento anual, que tem sido registrado desde a década de 50, excedeu agora 2 ppm em três dos quatro últimos anos – um índice inesperado. Há meio século, o incremento anual era de menos de 1 ppm.

O aumento é causado pelas emissões de gases provenientes da queima de combustíveis fósseis, que somam atualmente cerca de 7 bilhões de toneladas de carbono por ano. Mas, grosseiramente, metade dessas emissões são absorvidas pela vegetação ou pelos oceanos. Pesquisadores acreditam que a variação de ano para ano na acumulação do gás é causada, em grande parte, pelas flutuações na habilidade da natureza de absorver as emissões de acrbono.

Até pouco tempo, os maiores aumentos nas concentrações de dióxido de carbono no ar tinham sempre ocorrido durante anos de El Nino, quando a vegetação cresce menos e as florestas tropicais, secas, queimam de forma incontrolável, seja por causas naturais ou pela ação do homem. O maior de todos os crescimento registrados foi de 2.7 ppm e ocorreu durante o El Nino de 1998.

Mas nenhum dos três últimos anos que apresentaram registro de crescimento coincidiu com o fenômeno. E isso sim está causando preocupação. Peter Cox, um especialista nas interações entre plantas e a atmosfera do Centro para Ecologia e Hidrologia, em Dorset, no Reino Unido, diz que as oscilações recentes “podem ser a primeira evidência de um feedback do ciclo do carbono - no qual as plantas, sob a tensão do aquecimento global, passam a absorver menos dióxido de carbono”.

A descoberta confirma a notícia de que 2005 foi provavelmente o ano mais quente já registrado, ultrapassando de leve o recordista anterior, 1998. E os cientistas do US National Snow e do Ice Data Centre, no Colorado – EUA, informam que o gelo do mar no Ártico não foi recuperadao completamente, seguindo o derretimento registrado durante o verão de 2005.
(CarbonoBrasil, 16/03/06)
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