Ministério Público investiga impacto de empresas de celulose no RS
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2006-03-17
O Ministério Público do Rio Grande do Sul instaurou três inquéritos civis para
investigar o processo de licenciamento ambiental relativo à atuação das empresas
Aracruz, Votorantin Celulose e Papel (VCP) e Stora Enzo. Ao analisar as
possibilidades de dano ambiental regional, a Promotoria de Justiça Especializada
de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre recomendou à Fundação Estadual de
Proteção ao Meio-Ambiente (Fepam) que não deferisse a licença sem a exigência de
estudo de impacto ambiental.
A informação foi prestada pela Procuradora de Justiça, Silvia Cappelli,
Coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente, em
resposta à correspondência enviada pela presidente da Associação Gaúcha de
Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Edi Xavier Fonseca, solicitando
informações sobre a atuação dessas empresas no Estado e seus impactos ambientais.
Na carta enviada à Procuradora, em 8 de fevereiro deste ano, a Agapan manifesta
preocupação com o ciclo de expansão da madeira, celulose e papel no RS. “Também
nos preocupa o aumento dos danos ambientais que poderão advir com o futuro
aumento da planta de celulose do Estado, em conseqüência da construção das
fábricas da Stora Enzo e Votorantin e da expansão da Aracruz”, diz a
correspondência da entidade ambientalista, que acrescenta: “Até o presente
momento não existem laboratórios especializados no Brasil, para análise das
dioxinas e furanos contidos nos efluentes lançados nos mananciais hídricos, por
este tipo de indústria”.
A Agapan alertou o MP de que esses empreendimentos estariam sendo realizados
sem o cumprimento dos dispositivos constitucionais – EIA-RIMA, do Zoneamento
Ambiental da Silvicultura do Estado – e, também, sem a aprovação do Conselho
Estadual de Meio Ambiente.
Em sua resposta à Agapan, a Procuradora Silvia Cappelli informou sobre as
medidas que já foram adotadas pelo Ministério Público: “A Promotoria de Justiça
Especializada de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre instaurou três
inquéritos civis, um para cada empresa de fomento florestal (Aracruz,
Votorantin Celulose e Papel/VCP e Stora Enzo), para investigar o licenciamento
ambiental, em face do dano ambiental regional. Nesses expedientes recomendou-se
à FEPAM que não deferisse a licença ambiental sem a exigência do estudo de
impacto ambiental”.
Além disso, acrescentou: “A Divisão de Assessoramento Técnico do Ministério
Público elaborou parecer preliminar para avaliar o procedimento de licenciamento
ambiental da atividade de silvicultura na metade do sul do estado do Rio
Grande do Sul e apontar possíveis impactos e degradações ambientais decorrentes
de sua implantação”.
Jornalistas pressionados pela polícia
A recente ocupação da Aracruz Celulose, por integrantes da Via Campesina, no
município de Barra do Ribeiro (RS), está provocando problemas para alguns
jornalistas. O delegado regional de Polícia de Camaquã, Rudimar Freitas Rosales,
ameaçou indiciar os jornalistas Luciamen Wink, Luís Gonçalves e Jurema Josefa,
todos do jornal “Correio do Povo”, caso eles não revelassem as fontes que
utilizaram nas matérias que fizeram sobre a ocupação do laboratório da Aracruz
em Barra do Ribeiro.
Os jornalistas alegam o direito de manter suas fontes em sigilo, conforme prevê
o artigo 5º, inciso XIV da Constituição Federal, que afirma: “é assegurado a
todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário
ao exercício profissional”. O direito dos jornalistas também está assegurado no
Código do Processo Penal, artigo 207, no Código Penal Brasileiro, artigo 154,
no Código Civil, artigo 347, inciso II, e na Lei de Imprensa, artigo 71.
(Agência Carta Maior, 15/03)
http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=10256