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2006-03-17
Reservatórios têm 54% da capacidade, que dá para cobrir abastecimento até o final deste ano. Os açudes do Ceará, distribuídos em 11 bacias hidrográficas, registram acumulação de 9,545 bilhões de m³ de água, 53,7% da capacidade global de 17,787 bilhões de m³ - o suficiente abastecer todas as demandas, de acordo com o diretor de Operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Yuri Castro de Oliveira. "Mesmo sem ocorrência de aporte significativo de chuvas, a situação dos reservatórios é muito boa, se comparada a anos anteriores, com distribuição equilibrada de água nas bacias", afirma.

Oliveira diz que a recarga de 2005 foi pequena, mas a acumulação do ano anterior deverá garantir o atendimento da indústria, agricultura e saneamento até o final deste ano. Dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos indicam que, em 2004, as precipitações atingiram 1.168,5 mm ou 24% acima da média.

A Cogerh, responsável pelo gerenciamento e disciplinamento de mais de 90% das águas acumuladas no Estado, administra 126 açudes públicos estaduais e federais, além de reservatórios, canais e adutoras da bacia metropolitana de Fortaleza. "A construção de canais, interligando bacias, açudes e quilômetros de adutoras, vem possibilitando melhores condições de convivência com o semi-árido", diz.

A quadra chuvosa de 2006 começou na segunda quinzena de fevereiro e segue até maio, observa o físico Antonio Carlos Santana dos Santos, da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). O acumulado de chuvas de janeiro, fevereiro e até 14 março, atingiu 230mm no Estado - 34% abaixo da média. Em 2005, a soma global dos primeiros 3 meses do ano atingiu 326mm, 31,5% inferior a média.

O normal para trimestre seria de 476mm e de janeiro, fevereiro até 14 dias de março de 348,4mm, informa, Namir Mello, meteorologista da Funceme. "Não registramos praticamente chuvas na pré-estação de janeiro, que ficou 70% abaixo da média", diz. Fevereiro, primeiro mês da Estação chuvosa atingiu 80% da média, o que significa uma situação bem melhor do que em 2005, segundo o meteorologista.

Com exceção do litoral Norte, que se enquadra em região seca as demais estão na categoria muito seca, até momento, mas ainda temos dois meses e meio com chances de chuva. Como o nível de precipitações é muito irregular, pode ser que até alguns dos municípios do interior possam ser caracterizados como muito chuvoso, mas, no geral essa é a média", acrescenta Santos, especialista da Funceme.

O coordenador da Secretaria de Agricultura e Pecuária (Seagri), Emanuel Itamar Lemos Marques, diz que e o cenário atual é mais promissor. O Estado tem 960 mil hectares plantados, entre milho, feijão, algodão, mamona, arroz, sorgo e projeta safra de grãos de 1,2 milhão de toneladas, caso a chuva colabore. Ano passado esse resultado ficou em torno de 540 mil toneladas. A melhor safra da história do estado foi em 2003, com 1,86 milhão de toneladas.

"Na terça-feira passada, depois do veranico registrado no carnaval, voltou a chover e creio que o inverno será entre normal e abaixo da média", avalia, ao assinalar que a Seagri está de olho na situação. De acordo com o coordenador, alguns agricultores do Cariri, sul do estado, que plantaram feijão, animados com as chuvas de dezembro, registram prejuízos. Nos últimos dias, porém, não foram registradas ocorrências sobre problemas no plantio, informa o coordenador de agricultura da secretaria.

"O nível de reservatórios no Ceará ainda é bom. Este ano será de chuvas irregulares, mas não de seca", aposta Sérgio Baima, coordenador de Informações e Mercados da Seagri. Apenas a fruticultura irrigada deverá colher cerca de 900 mil toneladas e exportar mais de US$ 50 milhões. Em 2005, o setor embarcou US$ 44,63 milhões - evolução de 79,8% sobre os US$ 24,8 milhões em frutas exportadas no exercício anterior. Foi o maior aumento relativo do País, segundo Baima. O Ceará concentra cerca de 70 mil hectares irrigados, entre frutas, hortaliças, flores e outros produtos.

Segundo Itamar Lemos, o governo vem desenvolvendo um trabalho técnico de convivência com a seca, que envolve, entre outras ações, o plantio direto, com aquisição de equipamentos para dar suporte ao setor.

Também foram distribuídas aos agricultores algo em torno 2,4 milhões de quilos de sementes selecionadas de diversas culturas, resultado de investimento de R$ 9 milhões.

Carros-pipa
De qualquer maneira, o programa abastecimento de carros-pipa, conduzido pela 10ª. Região Militar, baseada em Fortaleza, prossegue em 119 municípios do Ceará e em outros 42 no Piauí. O coronel Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, chefe da Divisão de Comunicação Social, diz que as chuvas não foram suficientes para garantir o abastecimento no interior.

O governo federal liberou R$ 10,5 milhões para a retomada do programa, sendo R$ 7,5 milhões, agora em março. Os desembolsos garantem a manutenção dos carros-pipa até meados de abril. "Enquanto o governo federal garantir recursos, vamos seguir com o programa", adianta o coronel Oliveira. Com o início das chuvas, alguns municípios já manifestaram a intenção sair da rota de carros-pipa.
(GM, 17/03/06)

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