(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-03-17
Cerca de 1200 militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), representando os 15 estados onde tem base, estão realizando esta semana em Curitiba o 2º Encontro Nacional do movimento com um foco diverso da tradicional bandeira de luta pelo reconhecimento dos direitos da população atingida pelas barragens de grandes hidrelétricas. Sob o mote “Água e energia para soberania do povo brasileiro”, o debate do MAB deve consolidar a ampliação para o tema políticas e modelo energético no Brasil, questionando não apenas as fontes de energia, como a sua distribuição e utilização.

No centro desta discussão, explica Joceli Andrioli, membro da coordenação nacional do movimento, está o consumo subsidiado de energia para grandes empresas eletrointensivas e sua finalidade produtiva. Nesse sentido, o MAB quer o envolvimento da população urbana no questionamento do preço e da disponibilidade de energia.

“Vamos trabalhar na lógica de que a população urbana é uma grande atingida pelo modelo energético atual. Ou seja, enquanto pagamos em média R$ 600 pelo megawatt, as indústrias pagam cerca de R$ 110. Em Minas Gerais, por exemplo, 58,8% da energia é consumida pela indústria, enquanto o setor residencial consome apenas 16,8%. No estado, pagamos R$ 607 pelo megawatt e a indústria R$ 126. O debate que vamos propor é a equivalidação dos custos da energia para a população ao preço pago pela indústria, além de oferta de energia gratuita às populações de baixa renda”, afirma Andrioli.

Mas a bandeira da luta por mudanças no modelo de geração de energia para o sustento e o crescimento da atividade industrial – principalmente nas áreas de mineração e papel e celulose – tem um forte componente ideológico no MAB. Para o movimento, a política energética do governo tem que estar a serviço de um plano estratégico de desenvolvimento social e popular do país, o que colocaria as grandes industrias eletrointensivas, como as mencionadas, na posição de adversários. Principalmente porque a geraçã de empregos nestes setores, afirma o movimento, é pequena.

Já do ponto de vista das fontes de energia no país, o MAB quer aprofundar o questionamento sobre as hidrelétricas, hoje consideradas pelo governo uma fonte limpa e renovavel de baixo custo. Segundo Andrioli, só em termos de passivo social, existem hoje 1 milhão de pessoas diretamente atingidas por barragens no país, das quais 70% não receberam nenhum tipo de compensação. E a situação pode piorar até 2015, já que está prevista a construção de mais 412 hidrelétricas de grande e 944 de pequeno porte. “Calculamos que estas obras, se aprovadas e implantadas, devem expulsar um adicional de 850 mil pessoas de suas terras”, explica o diregente do MAB.

Do ponto de vista ambiental e econômico, além de não considerar as hidrelétricas fontes de energia limpa – a decomposição da biomassa nas áreas inundadas é um dos principais fatores de produção de gás metano e carbônico, causadores do aquecimento global (efeito estufa) -, o MAB acusa o governo de não calcular no preço da energia (e não arcar com) o custo ambiental e social das barragens. Neste sentido, afirma o movimento, antes de apostar na expansão das hidrelétricas, seria necessário que o governo fizesse a otimização das plantas já existentes e investisse na diversificação das fontes.

“Só a transmissão de energia tem causado uma perda de cerca de 15% do produto. Se o governo investisse na manutenção das estruturas de transmissão e no repotenciamento das usinas, já teria um ganho rasoável de energia. Mas também há que se diversificar a produção com fontes eólicas, biomassa, energia solar, etc. Mas o ponto focal é que temos que bater na racionalidade do consumo”, diz Andrioli.

ENFRENTAMENTO POLÍTICO

Movimento irmão-mais-novo do MST, o MAB, em sua configuração nacional, tem pouco mais de 15 anos e um discurso político progressivamente mais crítico do ponto de vista ideológico. Articulado com os sem-terra na organização internacional Via Campesina, o corporativismo – ou luta resumida aos direitos do setor – no MAB está dando lugar a um debate de fundo sobre o seu projeto político e social, a ser acrescentado às lutas cotidianas.

Segundo Andrioli, o MAB, ainda mais do que o MST - cuja ação é prioritariamente focada no universo rural -, desafia interesses mais poderosos ao fazer o debate sobre o modelo energético. “Mexemos com as principais forças econômicas do país”, avalia o dirigente, o que explica, segundo ele, a menor visibilidade que se permite às suas lutas.

Apostar no fortalecimento e na politização do movimento é agora um dos principais objetivos do MAB, como aponta o encontro de Curitiba. Composto atualmente por militantes atingidos e por já reassentados, o movimento deve apostar na adesão dos “ameaçados por barragens” e numa expansão para os estados onde existem organizações locais, mas onde o MAB ainda não é atuante como tal.

Os principais desafios, resumiu a coordenação nacional, são transformar o MAB em um movimento de massas com militância forte, aprofundar a autonomia frente a partidos e outras instituições, ter uma condução coletiva que não personalize e fortaleça dirigentes isolados, organizar-se na perspectiva das lutas de massa, e se articular com os movimentos urbanos e aprofundar as alianças internacionais. Isso tudo numa perspectiva de enfrentamento do capital e seus agentes. (Agencia Carta Maior, 16/03/06)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -