Custo de rotulagem é maior no Brasil
2006-03-17
A opção pelo "Contém OVM" para a classificação de organismos transgênicos seria mais barata para a Argentina, em relação à mesma situação no Brasil. Segundo um estudo realizado pela Secretaria de Agricultura argentina e pela FAO (órgão das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), os gastos necessários seriam de até 7% do valor das exportações argentinas de soja, considerando um limiar de detecção de até 0,9% de transgenia.
Na comparação com pesquisa brasileira semelhante, os custos poderiam aumentar 8,6% no preço do grão, incluindo gastos com testes e logística.
De acordo com a simulação do estudo, realizado em 2004, o acréscimo nos custos para segregação de soja seria de 4% no caso de um limite de 5% de garantia de transgenia, sem considerar o custo de oportunidade de se plantar soja transgênica no país, que acrescentaria 11% sobre os custos. Em valores absolutos, na Argentina, a aplicação de testes de confirmação de soja transgênica gerariam custos de mais de US$ 2 por tonelada.
Segundo José Maria da Silveira, coordenador do Núcleo de Economia Agrícola da Unicamp, que realizou a versão nacional da pesquisa, no Brasil, os valores são maiores em razão das rotas extensas e do excesso de transbordos, que obrigariam a realização de testes a cada tombo.
De acordo com Silveira, na metodologia da pesquisa argentina foram consideradas rotas simples, de até 200 quilômetros. Ele lembra que, no país, as distância percorridas até os terminais portuários são bem menores do que no Brasil, tornando mais seguras e compensatórias as viagens feitas por rodovia.
O estudo argentino também partiu da premissa que, em total contraste com o Brasil, não seriam necessários investimentos em estradas e adaptação de portos, uma vez que a Argentina já é capaz de exportar até 4 milhões de toneladas de grãos em processo de segregação.
Os gastos em infra-estrutura, então, se concentrariam em silos de armazenagem de menor capacidade. Foi calculado um investimento total de US$ 40 milhões por tonelada nesse aspecto, para um limite de detecção de 0,9% de transgenia em soja, gasto relativamente pequeno. Num limite de 5%, pela simplicidade do processo de análise, as aplicações são quatro vezes menores.
(Valor Econômico, 16/03/06)