ONG pede investimento de US$ 10 bilhões anuais em água
2006-03-17
O Conselho Mundial de Água espera que no IV Fórum Mundial de Água seja reforçada a meta de investir "no mínimo" US$ 10 bilhões por ano para levar água a 1,1 bilhão de pessoas que carecem dela no mundo.
Em declarações à imprensa, o diretor-executivo do Conselho Mundial de Água, Daniel Zimmer, explicou hoje, antes da abertura do IV Fórum, que "não podemos aplicar à água as regras clássicas de negócios".
Ele afirmou que se deve trabalhar na busca de um "novo modelo" de associação público-privada que não obedeça exclusivamente às atuais regras do mercado.
– O problema que enfrentamos é que estamos tratando de um serviço público e temos que inventar novos modelos para ele. Deve continuar sob o controle das autoridades públicas – opinou o representante da organização.
Um estudo do Conselho revelado este mês calculou que são necessários US$ 10 bilhões anuais para cumprir os Objetivos do Milênio e pelo menos outros US$ 15 bilhões para que o acesso a serviços de água esteja garantido a longo prazo.
Cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo (mais de 15% da população mundial) não tem acesso à água potável e aproximadamente 2,6 bilhões (42%) não contam com uma rede de saneamento, segundo números do Conselho.
Para Zimmer, o assunto em discussão não é tanto a privatização do recurso, já que existe o consenso generalizado de que o acesso à água é um direito humano, mas sim como permitir a participação de diferentes agentes.
– Se os políticos não querem assumir a responsabilidade política pela água, então até mesmo o setor privado estará em dificuldades – alertou o dirigente do Conselho, uma organização não-governamental criada em 1996 e encarregada de organizar os quatro Fóruns Mundiais realizados até agora.
Segundo Zimmer, as grandes empresas de água no mundo "ouvem e entendem o que está acontecendo" nos debates sobre o acesso à água, um recurso que, na sua opinião, não querem "controlar".
– Elas têm uma orientação comercial e não podemos ir contra ela – admitiu o especialista, oposto à aplicação de normas como redução de preço para quem consumir mais água.
Zimmer considera necessário "esclarecer o papel das grandes companhias", que "têm muito conhecimento e boas experiências para compartilhar".
Sobre o Fórum, que será realizado até o dia 22 na capital mexicana, ele se mostrou confiante no surgimento de "um debate entre todo tipo de organizações", incluídas as chamadas antiglobalização, que convocaram manifestações de protesto.
(ClicRBS, 16/03/06)