Há pouco mais de um ano, o Movimento dos Sem-Terra procurou a Aracruz Celulose interessado em plantar eucalipto. O plantio ocorreria em um assentamento dos sem-terra. Um grupo de assentados visitou a sede da Aracruz em Guaíba, e técnicos da empresa estiveram por três vezes no assentamento Sepé Tiaraju, em Viamão, para avaliar o potencial de plantio.

O acordo não se concretizou porque assentados telefonaram depois dizendo que não haviam tido autorização para plantar. A revelação foi feita ontem pelo consultor de fomento florestal da Aracruz, Luiz Carlos Polipo.

Ontem, o promotor de Justiça Daniel Indrusiak, da Comarca de Barra do Ribeiro, pediu a apreensão judicial (requerimento cautelar de arresto) dos ônibus utilizados na invasão do Horto Florestal Barba Negra pela Via Campesina. Segundo Indrusiak, as investigações avançaram e, com base nas informações obtidas, foram identificados muitos dos manifestantes. “Já temos elementos de provas. Estamos evoluindo na identificação dos orquestradores do ato”, frisou o promotor. O próximo passo será rastrear a origem dos valores pagos pela locação dos coletivos.

Conforme Indrusiak, o arresto torna indisponível a venda, alienação ou depreciação dos veículos. “Os bens podem servir de garantia para futuras indenizações”, explicou. Para não prejudicar os empresários, completou, eles ficarão de fiéis depositários dos bens. O promotor acredita que o pedido será deferido pela Justiça de Barra do Ribeiro. “Temos insistido neste ponto. Até o momento, não estamos obtendo respaldo.”

O pedido de apreensão foi protocolado no final da tarde de quarta-feira, com regime de urgência, no Fórum do município.
(CP, 17/03/06)