Mais de 150 mil gaúchos sofrem com falta de água
2006-03-16
O calor e a escassez de chuva estão castigando mais de 150 mil gaúchos. Cinco
prefeituras instituíram o racionamento. No total, entre os 30 municípios em
situação de emergência no Rio Grande do Sul, 23 passam dificuldades no
abastecimento para consumo humano.
Além das perdas na agricultura, as pequenas localidades do Interior são as
primeiras a sentirem poços e fontes naturais secarem com velocidade. E os
moradores conhecem bem as alternativas para amenizar os efeitos da seca:
caminhões-pipa, tratores com tanques e perfurações emergenciais no solo.
Em Áurea, próximo a Erechim, o dia-a-dia é doloroso para os cerca de 250
habitantes que dependem do auxílio municipal para beber água. Cenário idêntico
ao enfrentado por mais de 1,3 mil pessoas em Aceguá, na Zona Sul.
- O ruim é que o município depende do setor primário. Isso dificulta até a
subsistência dessas famílias - lamenta Wilson Machado, assessor da prefeitura.
Bagé deu a partida ontem à tarde no racionamento completo, decretando também
situação de emergência. Toda a população, dividida em três setores - no sistema
de rodízio, permanecerá sem água oito horas por dia.
Dois municípios vizinhos, embora não estejam sob racionamento, vivem um momento
de conscientização. Pelotas e Canguçu fazem campanha para evitar o desperdício
e o corte no fornecimento.
Pelotas definiu o pagamento de multas para quem infringir um decreto que proíbe
lavagem externa de prédios e calçadas, de carros, reposição de piscinas e
irrigação. Equipes da prefeitura fiscalizam e atendem a queixas.
- Nosso objetivo não é arrecadatório. Na primeira autuação, apenas vamos
orientar o cidadão. Puniremos com multa os reincidentes - explica Gilberto
Cunha, diretor presidente do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep).
O nível da barragem Santa Bárbara, que abastece 50% do município, baixa em
média dois centímetros por dia. Já está mais de dois metros e 20 centímetros
abaixo do nível normal e, quando atingir a marca de três metros, Pelotas deve
correr risco de racionamento.
No outro extremo do Estado, em Áurea, o agricultor Bruno Prechoa Neto desde
outubro sofre com a escassez de água para os animais e inclusive para beber. A
chuva dos últimos dias foi insuficiente para normalizar o abastecimento na
propriedade.
(ZH, 16/03/06)