ONGs pedem alternativas culturais à farra do boi
2006-03-16
Música portuguesa ao vivo, danças folclóricas e boi-de-mamão foram as atrações do protesto que diversas entidades promoveram contra a farra do boi na noite desta quarta-feira em Itajaí, no litoral norte catarinense. A manifestação tinha como proposta mostrar outras formas de cultivar a herança dos imigrantes açorianos.
Segundo a diretora executiva da SOS Animal, Liza Corrêa, a farra do boi enquanto manifestação popular serve mais ao homem do século 21.
– Na Roma Antiga era costume jogar cristãos aos leões. Essa era a cultura da época e nem por isso temos que perpetuá-la – argumentou.
Ex-praticante da farra, o aposentado Arnoldo José Pereira, 86, trocou de brincadeira há anos. Hoje comanda o Grupo Folclórico Boi-de-Mamão e Português.
– O tempo da farra do boi já era. Boi agora só de pano – disse.
Em outras 11 cidades brasileiras, espalhadas em oito estados, houve protestos contra a farra do boi. Em Santa Catarina, ocorreram manifestações também em Blumenau e Florianópolis. Na Capital, os manifestantes espalharam faixas e cartazes na Igreja de São Francisco.
De acordo Halem Guerra Nery, presidente do Instituto Ambiental Ecosul, é preciso ajuda da sociedade para combater os farristas.
– Os folhetos apresentam um histórico da farra, além de dicas e telefones para que sejam feitas denúncias aos órgãos competentes – explicou.
Apesar da pressão das entidades de proteção animal, a farra do boi persiste no litoral catarinense. Na madrugada desta quarta-feira, um homem de 43 anos foi detido pela segunda vez, no Centro de Porto Belo, transportando um único boi dentro de um caminhão sem a Guia de Transporte Animal. Apesar de já ter sido detido semana passada pela mesma infração, o homem espera a convocação da Justiça em liberdade.
(Jornal de Santa Catarina, 15/03/06)